sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

thoughts can kill

Todos os dias, quando chego a casa, tenho por hábito sentar-me numa cadeira em frente à lareira que já se encontra acesa. Mergulho nos meus mais profundos pensamentos, aqueles aos quais não recorro frequentemente porque me deixam feridas. De cada vez que lhes passo um dedo para tirar o pó, ele começa a sangrar; além de dolorosos, são ainda pesados. Deixam-me a cabeça em água, e o peso que estava no meu cérebro viaja até ao coração, onde permanece
Tudo não passa de uma pequena lavagem à minha vida, onde dou conta de todas as oportunidades que deixei para trás. Se as tivesse aproveitado naquele momento, talvez agora fosse mais feliz!, ou não... Logo ali, ponho-me a imaginar a mim mesma a viver outros dias, numa diferente rotina da minha. Ser outra pessoa. Simplesmente não ser eu, por algumas horas, bastava. Só queria sentir o sabor do tempo estando na pele de um desconhecido, alguém que eu já tivesse passado na rua mas que nem tivesse dado conta da sua presença. Mas como não posso deixar de ser eu mesma, fico-me por estas viagens aos túneis praticamente abandonados do mais obscuro do meu corpo: onde tudo e nada e acontece ao mesmo tempo. Por onde, de quando a quando, num vai e vem maluco, passam correntes elétricas fruto do meu subconsciente viajante. Esforço-me bastante para não ir demasiado longe até dias dos quais me arrependo de ter feito muita coisa, pois são esses os que mais me custam lembrar - mas é praticamente impossível não dar conta da sua presença... Eles estão ali, mesmo à espera de arranjar um espaço vazio no meu cérebro e darem-se a conhecer novamente. E é aí que os sopro para longe, para não me magoar mais.
E em todos os dias que penso, penso também no futuro. Quem não pensa nele, é quem não quer sofrer. Quem não pensa nele, é quem sabe gozar o presente. E sei-o eu? Não. Deixei parte de mim no passado e por isso, agora tenho medo do futuro.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

falta pouco

Ainda ando a tentar pôr um ponto final em todas as linhas que escrevi desta história interminável sobre o que fomos e o que somos, mas não tenho coragem. Sei que sempre haverá algo entre nós, mas que é como uma poeira que passa e volta. Vem tudo da minha imaginação. Tudo é nada, e hoje em dia para sempre é cliché.
Quem são essas pessoas que teimam dizer que amam sempre e para sempre? Oh, pois! Sou eu. Sou teimosa de coração; não esqueço o que me marca e relembro o que foi escrito nas páginas perdidas pelo vento, que decidiu por vontade própria espalhar as nossas linhas por esse mundo fora, sem o nome do autor no final. Por cada letra perdida nessas ruas abandonadas, foi tirado menos um dia ao meu viver. Eu depositava a minha vida ali, naquelas palavras que para muitos são maçudas mas que a mim... me dizem tudo. Tentei tirar a minha alma do fundo do poço, mas o que veio junto dela? Recordações. Nada mais do que isso. E quando me apercebi de que o peso que sentia nas costas era por causa delas, voltei a deixá-la ali, bem lá no fundo. Ando a tentar arranjar fôlego para mergulhar naquela água gelada, mais gelada ainda que esse meu órgão que permite o sangue viajar pelo meu corpo, e resgatá-la. Não há que nos temer a nós próprios. Mas há que ter cuidado! Quem se conhece sabe que não pode dar aquele passo, se sabe que esse irá levar a outro e a outro. Podemos dar passos de gigante, mas ainda mais de caranguejo - e eu tenho receio, porque não quero regressar. Quero olhar em frente, e ter a bravura de seguir a direção certa sem me massacrar muito. Mas falta pouco. Eu sei que falta.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ciclo vicioso

Temos o vício de olhar para trás quando o nosso percurso de vida parece estar a formar um sorriso, o que é errado. Temos sempre tendência a achar que o que já passou é o melhor e que tudo até aqui parece não fazer sentido. Graças a isso, já não nos apetece encarar o futuro: tudo o que queremos é o que já foi e não volta, o tempo que já percorremos e ao qual não podemos voltar a caminhar por cima. Quando deixámos lá os nossos passos, as cordas da ponte que ligava o antes ao agora romperam e deixámo-nos partir ao alcance do horizonte.
Muitas vezes acontece que deixamos pedaços de nós do outro lado da ponte, irremediavelmente perdidos no passado, e os quais deveríamos supostamente substituir por uns novos. Na maior parte dos casos, deixamos lá o nosso coração, o que consideramos ser irrecuperável até termos finalmente coragem para olhar em frente e nos apercebemos que nada é irrecuperável. Há sim que arranjar um espaço só nosso no vindouro, onde possamos lamber as feridas criadas pela aventura do episódio anterior, e continuar a percorrer o caminho já delineado.
Quando conseguirmos dizer para nós próprios eu superei é que as portas do que virá se irão abrir para nós e do outro lado seremos recebidos por uma bandeja de ouro com ligaduras, para que nos possamos preparar para uma nova aventura, no outro lado da ponte.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

eternidade

E é para aí que eu quero fugir contigo. Para o centro invisível do Mundo, o paraíso escondido, onde as almas desencontradas em vida se encontram sob as nuvens do Além. Sou pessoa de acreditar no que parece ser impossível... E, por mais vezes que diga que sim, eu não desisti. Talvez só consigamos encontrar uma certa perfeição na nossa relação depois de termos seguido caminhos paralelos em vida - e iremos encontrar-nos no infinito. Lá, não existem quilómetros, não existem espaços vazios. Tudo está à distância de um passo e não há dificuldades. Somos só nós, a sensação de vazio na consciência, e tudo o que mais gostávamos quando o nosso coração batia. Agora, apesar de ele estar parado - mais do que nunca - é quando se sente mais preenchido; de tudo e de nada.
Logo de seguida ao ponto final colocado no nosso fôlego, foi começado a escrever um novo parágrafo colocado em anexo. E esse parágrafo será o início de uma saga... que não terá fim. Uma história em que sou personagem principal e em que o enredo é escrito utilizando a tinta que jorra das minhas veias sem vida, sendo que tu és outro dos personagens principais e uma das diferenças com a vida é o facto de não sermos separados. Desta vez podemos dizer com certezas que o futuro está nas nossas mãos sem termos aquela incerteza de frase quase feita. Porque lá, onde tudo é eterno e os confins são o limite, fazes do para sempre o que queres.

domingo, 6 de novembro de 2011

como sempre

Não é sequer o medo de não te voltar a ver. Isso, sei ser impossível. Ainda te hei-de ver muitas vezes na minha vida, ainda me vou enrolar mil e uma vezes nos teus braços. Nem que para isso tenha de mudar a minha própria vida; talvez daqui a uns anos os nossos caminhos se voltem a cruzar e - disto tenho a certeza - quando eu passar por ti não vou olhar para ti como um mero desconhecido. Vou gritar, vou correr e vou saltar para o teu aconchego.
Há dias em que o meu pensamento pouco vai de encontro com a tua imagem, com as saudades que tenho tuas, com o quão longe estás... Há dias que nem me lembro disso. Penso que ainda estás ali, bem mais perto de mim que agora, e que basta pouco para te poder contactar. Mas é mentira. Estás mais longe do que alguma vez poderias estar! Tocar-te na pele é impossível, e é por isso que opto por te tentar tocar no ente, no ponto fulcral onde sei boiarem pedaços de mim. Não os deixes desaparecerem, meu pequeno. Não deixes.
De momento a momento, também posso deixar o meu coração e a minha própria alma enlouquecerem, darem-me vontade de me atirar ao mar e chegar até a ti: se levasse a tua voz como alimento, chegaria num piscar de olhos. Mas porque continuo a teimar no que já há muito não me pertence? Preocupo-me. Queimo os braços com as minhas próprias unhas deixando as cicatrizes dessa dor, para assim não relembrar a dor que sinto no lado esquerdo do peito por não ter a tua mão sempre dada à minha.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

túnel do esquecimento

Um dia tive medo do destino e decidi fugir dele. Corri que nem uma louca contra o vento e em todo o lado por onde passei dei encontrões às pessoas que, por acaso, nem sequer olhavam para mim. Eu era um ser invisível, a brisa que fazia cócegas nas suas orelhas e lhes dava vontade de rir. Não lhes fazia a mínima impressão e tudo o que era meu a eles lhes era exterior.
As ruas que percorri pouco tinham mas muito me diziam: era adornadas por cartazes com a tua cara estampada em cada um deles, de diferentes formas, como fazem com os presos. Isso ainda me deu mais vontade de fugir, porque eu sabia que o meu amanhã eras tu; apeteceu-me rasgar todo aquele papel feito de afectos e lançá-lo para um buraco negro, mas naquele momento eu só conseguia correr, correr, e correr. Para bem longe. Não sabia para onde ia, mas sabia ser longe. Lá queria saber de ti e de quem és! Queria viver o presente e pouco mais. Queria saborear o doce gosto da chuva e tocar os frios raios de Sol - não precisava de mais nada. E agora apareces-me aqui junto de mim, do que é meu e do que não é, e decides fazeres-te à minha vida?
Sem dar por tal entro por um túnel escuro adentro, bato com a cabeça numa parede e perco todos os sentidos. Quando volto a mim: quem sou eu?
A única centelha de memória que me resta é a tua imagem. Um desconhecido que me parece querido e do qual tenho a sensação de ter fugido durante muito, muito tempo. Em que estaria eu a pensar quando as cartas já estavam todas em jogo e não havia mais nada a fazer senão desistir? Que rumo acharia eu que a minha vida iria levar se não a compartilhasse contigo? Não interessa. Dá-me a mão destino, vamos embora - não percamos mais tempo!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

à tua procura

Estou agora envolvida de angústia. Caminho por um trilho de dor decorado com árvores de dúvidas sob o sol da saudade; grito o teu nome e a minha voz ecoa no nada como se tivesse gritado para um altifalante, mas sei que ninguém me ouve. Estou presa nesta bolha de sentimentos contraditórios onde é-me impossível pensar sobre como daqui sair. Só consigo pensar em ti e em como tenho medo que muito entre nós tenha mudado... Só não te quero perder e não me quero também perder de ti.
Onde anda a tua alma vagabunda quando a procuro nos meus sonhos? Porque teima ela em brincar comigo às escondidas quanto não tenho o mínimo estado de espírito para tal? Exausta do meu viver, sento-me no meio da floresta, onde gotas de chuva me escorrem pelos cabelos, e abro um álbum de fotografias que me aparece à frente como que por magia; logo ao ver a primeira imagem a nostalgia invade todo o meu ser: tu e eu de mãos dadas. Mas enquanto eu vangloriava o pôr-do-sol, tu olhavas-me com ar deliciado, e sei que algures nos teus pensamentos, o que mais gostavas na tua vida era o facto de eu ser tua. Continuo a sê-lo, por isso volta para mim.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

1 ano

Faz hoje exactamente um ano desde que mal dormi e no tempo todo em que acompanhei as tuas últimas horas nesta terra, todo o oceano atlântico que nos separa me escorreu pelas faces. O mundo decidiu deixar as nossas vidas de pernas para o ar quando traçou o nosso destino com um horizonte igual, mas visto de diferentes lugares. Tudo o que mais queria naquelas longas horas era abrir os olhos e ter certezas de que aquilo não tinha passado de um pesadelo: fruto do meu subconsciente duvidoso que teimava em tirar-te da minha vida - mas o grande problema é que não era, era a crua, pura e dura realidade. Tu ias-te embora e não tinhas data de regresso, e esse facto massacrava a minha alma sem pudor. Eu não te queria perder, eras e és o meu pilar, a fonte de onde retiro a minha vontade de viver; em poucas semanas tudo mudou. O que mais receávamos aconteceu, e nós não tínhamos como dar a volta por trás: o destino, de mãos dadas aos nossos medos, qual namorados mais do que apaixonados, ganhou-nos a corrida e levou-te para longe daqui. Mas não para longe do coração...
Não há um dia que não pense em ti, um único mesmo. Sempre te considerei o meu cavaleiro salvador, sempre pensei em ti enquanto escrevia praticamente todos os meus textos... A tua alma, quer quiséssemos, quer não, estaria sempre abraçada à minha, numa só. És meu irmão; não de sangue, mas de vida. O mundo sempre colocou umas pequenas pedras no nosso caminho, mas nós facilmente lhes dávamos um leve pontapé e elas iam para bem longe, como se nunca se tivessem atravessado à nossa frente.
E ao fim deste tempo todo que passei sem te tocar, sabes o que digo? Que Ele ainda se há-de arrepender do que nos fez e voltará a cruzar os nossos caminhos - quem não se apercebe da nossa união é cego, sendo que ela é capaz de iluminar a mais escura das ruas. Eu sei que vais voltar, meu amor. Eu sei. Tenho saudades tuas.
Amo-te melhor amigo de sempre e para sempre!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

brain > heart

Hoje não me apetece ficar em casa a comer gelado e a ver filmes deprimentes por nada deste mundo e, por isso, depois de muito pouca deliberação decido-me a despir a camisa de noite e vestir uma camisa e uns jeans. A noite está fresca e logo que saí porta fora arrepiei-me ao ouvir o som dos grilos; caminhei na direcção indicada pelos meus instintos e quanto mais andava, mais tinha de me apertar contra os meus braços para não sentir frio. Fiquei espantada ao ver onde as minhas pernas me tinham trazido e, vagarosamente, descalcei-me e peguei nos chinelos com a mão. Caminhei contra a maresia reconfortante que o mar me lançava qual boas-vindas, e acabei por me sentar de joelhos ao peito perto dele... Já há muito que não fazia passeios e sentia falta disso; a noite dá-nos uma expectativa de perigo, mas a mim faz-me sentir maravilhosa.
Seria normal ver pessoas a passearem à beira-mar ou até ver cães a aproveitarem-se da falta de vigilância nocturna para se deliciarem na sua água salgada, mas esta não me parecia ser uma noite normal, havia demasiado silêncio... Não é que isso me afligisse, mas era extremamente estranho.
O som do mar era como um calmante, e de repente senti as pálpebras levarem a melhor e os meus olhos fecharem-se - foi o meu maior erro. Quando se viram tapados, aproveitaram a oportunidade para me mostrar lembranças há muito esquecidas, dias perfeitos da minha vida que, apesar de tudo, eu preferia esquecer... Mas um momento em particular era sublinhado pelo meu cérebro: uma noite como esta em que um homem me fez sair de casa trazendo-me a esta mesma praia para revelar que se ia embora; mas fazendo-me prometer que nunca me esqueceria que, um dia, ele passou a fazer parte da minha vida. Lembro-me de como se tivesse sido ontem: apesar da pouca luminosidade que vinha dos candeeiros da estrada, os olhos dele estavam mortos de dor e cheios de receio. Não quis saber para onde ele ia, o que ia fazer e nem porque ia - limitei-me a pegar-lhe na mão, colocá-la no lado esquerdo do meu peito, jurar-lhe que nunca o ia esquecer, levantar-me e ir-me embora, enfiar-me debaixos dos lençóis logo chegada a casa e deixar a melhor parte de mim morrer. E até hoje, mais nada soube sobre ele. Absolutamente nada. E tinha que vir hoje aqui para me lembrar disso e para me sentir novamente a enfraquecer... 
Deito-me na areia e deixo-me adormecer, repetindo todos os momentos que passámos juntos e tentando não pensar no facto de ele se ter ido embora - tendo em esperança ser a última vez que revia tudo isto. 
Se ele não tinha um porquê para ficar comigo, eu também não terei um porquê para continuar a dar-lhe abrigo no meu coração.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

almost lie

Ao longe, qualquer pessoa é capaz de ver o brilho que molda os meus olhos e a minha alma. Tudo em mim é sorrisos, boa disposição e bem-estar. Ter-te comigo todos os dias é tão reconfortante que me sinto mais forte, e a única coisa que me apetece fazer é dar-te a mão e dar um passo em frente do destino; tocar-te, beijar-te e abraçar-te todos os minutos deixa-me outra pessoa. Connosco é sempre tudo tão bom e seguro que por mim vivia apenas a alimentar-me da tua presença. Sempre te disse que és o meu porto de abrigo, o ombro onde choro, e que é contigo que quero passar o resto da minha vida. Agora, tudo parece tão fácil. Se me dissessem que o meu futuro seria este, eu nunca teria acreditado: teria dito que não era merecedora de tanto bem. 
Antes, as nuvens tapavam o sol e com a ausência dele, também se ausentava a minha vontade de viver; os dias passavam devagar e o meu corpo mal se arrastava... Não tinha vontade de sair da cama e muito menos dos meus sonhos - o único local onde era feliz. Mas actualmente o sol brilha e quase ouço os pássaros chilrear. Contigo tudo é surreal, cor-de-rosa, arco-íris e música alegre.
Nada consegue quebrar a corrente invisível que está entre nós, meu amor. Nada.
Fernando Pessoa diz que o poeta é um fingidor.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

gé.

Ultimamente talvez não esteja a ser correcta, ou talvez esteja simplesmente a fugir aos problemas. Não sou daquele tipo de pessoa que gosta de fazer parte de confusões ou de discutir. Mas a verdade é que também não sou o tipo de pessoa perfeita para com os amigos. Erro, erro muito. E muitas vezes, só depois de o fazer é que dou conta. E agora, tantas vezes que olho à minha volta e vejo que não sou aquela pessoa que toda a gente gostaria de ter a amizade. Maior parte do tempo não entendo porquê. Sou demasiado mole e deixo as pessoas darem um passo à minha frente sem me mexer. Claro que também há momentos bons, e muitos. Mas é isso que sinto.... A minha forma de ser foi moldada para ser suave como seda - ao mínimo toque, degrada-se
Depois existes tu, uma das pessoas sempre disposta a defender-me de um furacão, uma tempestade, um trovão, qualquer coisa que se aproxime de mim para me magoar. Não deixas que ninguém passe à frente de quem te deu amor e te entregou parte do seu coração; não permites que lhe retirem sequer um pedaço de alma.
Tu és assim, lutadora e defensora. Mas também há momentos em que erras, tal como todas as outras pessoas.... Há momentos em que choras, em que todo o corpo te dói apesar de não teres feito esforço físico, em que o teu mundo desmorona e só te apetece esconderes-te numa gruta em que te aconchegues e deixes que o tempo cá fora amaine. Em todos esses momentos eu estive, estou, e estarei disposta a oferecer-te um pouco do meu aconchego, um dos meus ombros e todo o meu amor para te consolar: porque eu vou estar sempre aqui.
E não é pelo facto de eu ser uma fraca que eu te vou perder. Eu recuso-me. A nossa amizade é algo tão importante para mim que nem consigo olhar em frente imaginando-a fora da minha vida, longe do meu olhar. Somos metades tão iguais em certos aspectos e tão diferentes noutros. Mas somos como irmãs - gémeas - porque ao longo do tempo que foi passando, atravessámos todas as zangas dando-lhes um pontapé, expulsando-as para longe. Partilhámos tanto minha princesa. Nunca me deixes, por favor. Amo-te mana.
Desculpa por tudo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

um olá repentino

Fui-me deixando descair da corda bamba, levando o meu destino a percorrer trilhos desnecessários e a largar-me na exaustão. Acho que cansei o meu cérebro demais e não deixei o coração dar a sua opinião. Fui deixando isto para trás, o amor que tenho para dar ser esquecido, e com tudo isso bem misturado numa taça velha deu o resultado de ter a inspiração a zeros. Existe tanta coisa na vida que ainda quero fazer, tanta coisa que quero dizer... Nenhum dos sonhos dos quais sou feita deve ser deixado de parte, porque isso quereria dizer que eu própria tinha deixado um pouco de mim de lado; e eu não posso ser assim. Há que ser inteira, colocar as mãos em punho, dar um passo em frente na vez de dois de caranguejo, não se deixar ser alvejada por ter preguiça de se afastar da bala e por não querer encarar o medo. Preciso de alcançar o horizonte! Ele chama por mim a gritos que ecoam no meu cérebro. Ele quer-me, e eu quero-o a ele. Espera por mim, bocadinho de nada, espera por mim: mas deixa-me também aproveitar o pouco que há de bom da vida para ir alegremente a teu encontro.

(peço desculpa se não respondi a algum comentário ou não segui alguém de volta, se o fiz não foi por mal visto que ultimamente a minha conta google tem-me dado problemas)

domingo, 28 de agosto de 2011

fear of losing

O meu maior defeito é ter medo. Não digo que seja o pior, mas é o que mais atenua todo o meu corpo. Sinto-o apertar-me as entranhas e encher-me os olhos de lágrimas, empurrando-as para fora sem qualquer pudor. Ele toma conta de mim como se fosse minha mãe, não me dando espaço para me mexer ou tomar as minhas próprias decisões; por vezes, é como um monstro que está dentro de mim e que me obriga a fazer aquilo que não quero. E o meu maior medo é perder-te: deixar de saber de ti e dos teus, de nós e do que fomos, como se tivesse queimado o livro da nossa história que ainda nem sequer acabou de ser escrito. Por ser o meu maior medo, faz também parte dos meus pesadelos, aqueles que me assolam o juízo durante as noites em que não consigo controlar os sonhos e que me mostram um possível caminho da minha vida - o qual tenho evitado durante toda a minha vida, e assim continuará a ser. Se algum dia, quando a idade já tiver avançado, eu esquecer que alguma vez persististe na minha vida, esse terá sido o último. Posso perdurar mais meses e anos, mas a partir daí, já nada fará sentido, e eu não saberei porquê. Mas ter-te-ei sempre guardado num cantinho do meu ente, na gaveta dos fundos em que ninguém toca e que poucos sabem que existe, nunca lhe remexendo ou retirando-lhe coisas, visto que todos os pormenores que lá estão são importantes e fazem parte de tudo o que passámos e iremos passar. Mas de morrer não tenho medo, porque saberei que lá não terei de ter medo de absolutamente nada.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

something which we can call nothing

Vou caminhando por entre todas essas ruas à espera de pressentir. Não de te ver ou de te ouvir, mas apenas de sentir que estás ali. Há um laço entre nós que é mais forte do que tudo que se possa imaginar. Liga-nos com tal força como a que separa o azeite da água - é impossível penetrá-la.
O sol está prestes a pôr-se, e desde de manhã que não houve sinal algum de que cá estivesses. Se tivesses morrido, eu tê-lo-ia sentido como se morresse também: até porque parte de mim - o meu coração - teria morrido contigo. Estás vivo e à minha espera, sabendo que não vale a pena te esconderes porque, seja de que forma for, eu vou-te encontrar. É estranho quando o mundo inteiro parece estar contra nós, não é? Parece que o destino se contraria a ele próprio; tanto nos quer juntos, como faz de tudo para que nos separemos. Ainda não percebi bem o que se passou. Foste-te embora com esperanças de encontrar uma nova vida sabendo que a que tínhamos era quase perfeita. Tentaste adaptar-te a novos ambientes e saíste destes a sangrar... mas isto porque me feriste a alma. Quem és tu sem mim? Quem sou eu sem ti? Somos duas peças diferentes do puzzle, mas que se completam - diferentes mas, apesar de tudo, iguais. Apenas procuramos encontrar-nos um ao outro, não interessando que caminhos seguiremos. Ambos sabemos que todos os caminhos irão dar às mãos um do outro. E é por isso que não entendo porque teimas em afastar-te. Sei que me amas, mas tudo isto é para quê, para me proteger? Se sabes que contigo todo o mal que possa acontecer é do tamanho da chama de um fósforo no meio de um incêndio de uma casa?
Sinto-te perto, quase a tocar-me. Rapidamente olho para todos os lados com o coração a palpitar, mas não te vejo. O sol foi substituído pela Lua, que agora brilha e me ofusca os olhos, acariciando-me a pele com a sua luz. Tu e eu sempre gostámos dela, e acho que é isso que me faz sentir-te aqui. Mas há algo. Tu estás aqui de uma forma diferente. E, como se tudo se tratasse de um filme, tu apareces ali e simplesmente beijas-me. Dás-me as mãos e começas a caminhar no nada; ou melhor, começas a voar. Levas-me contigo até à Lua, e lá continuas a transmitir-me amor, mas agora telepaticamente. E é aí que percebo. O nosso amor possível e impossível matou as nossas almas de uma forma limpa: deu-nos bilhete apenas de ida, de graça, para o paraíso, o ponto de encontro daqueles que não merecem viver no mundo real porque este é demasiado perigoso para a sinceridade que vai nos seus corações. O medo que lá sentíamos levava-nos a ter escolhas erradas e a fugir inconscientemente. E por isso, algo sem nome transportou-nos para aqui e ofereceu-nos a eternidade de nuvens cor-de-rosa. Toda reservada ao sentimento mais puro do universo, residente habitual deste local inimaginável mas existente.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

preto e branco

Às vezes começo a pensar que qualquer dia farto-me de viver. É tão difícil enfrentar o dia-a-dia sem te ter a meu lado, sem ter um ombro para me reconfortar, sei lá. As coisas têm estado diferentes. E, apesar de eu saber que nunca te vou perder, a minha vida passou a ser a preto e branco já há quase 10 meses. Parece que a cada segundo que passa o Céu está cada vez mais longe, e com ele estás tu. Como pode ser o nosso viver tão injusto? Não se nos deve tirar a pessoa mais importante da nossa vida de perto de nós como se tira uma guloseima a uma criança só porque ela come demais. É que esse acto é precioso para a sua saúde, mas o qual referi primeiro é prejudicial. E muito.
Talvez eu estivesse mal habituada - podia ter-te ali, num piscar de olhos, a meu lado. Podia pedir-te carinho, podia pedir-te ajuda, compreensão, gargalhadas e tantas outras coisas. Continuas a dar-me tudo isso, mas nada é o mesmo. E eu sinto falta de te poder ter a toda a hora. Creio não estar a ser injusta... O teu coração moldou-me. Tenho culpa de necessitar do meu criador para conseguir ser realmente feliz? É facto: a minha vida precisa de um abanão ainda maior do que o que já levou faz tempo. Voltas?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

someone, something.


O teu olhar consome-me e leva-me a um lugar onde nunca estive. O teu ar desapegado e desprovido do mundo atrai-me a ti, como se não conseguisse olhar para mais ninguém. E quando te toco na face, mostras-me um meio-sorriso que já há muito eu conhecia dos meus sonhos. O facto de me pareceres diferente de todas as outras pessoas faz-me ter ainda mais vontade de estar abraçada a ti, num para sempre infinito, onde ninguém mais conseguiria penetrar no nosso vínculo afectivo.
Aos olhos da maior parte das pessoas és invisível, mas aos meus não. Existe algo, um algo que não faço a mínima ideia do que seja que me faz sempre olhar para ti, como se fosses um Deus apenas meu. Talvez seja uma relação destas que eu necessite. Talvez seja de ti. Pode ser uma loucura, até porque tu não existes realmente. Mas seres assim, um ser um pouco à deriva, demasiado preocupado e... estranho, faz com que eu seja tua seguidora. Como se existisse algo que me começasse a ligar a ti ao longo do tempo e eu nem desse conta. E agora torno-me, tal como tu, invisível aos olhos dos outros; e assim ninguém nos nota, ninguém se apercebe da nossa existência. E é isso necessário? Não. Se te tenho a ti, que mais hei-de eu pedir?

sábado, 30 de julho de 2011

capítulos de vida

Tu. Quando redijo estas duas letras, a primeira pessoa em quem penso... és tu. Como se o meu cérebro e coração já estivessem programados para isso, tal como o nosso telemóvel no teclado inteligente, por tanto usarmos tal palavra. O meu dia-a-dia sem ti já é rotina. E sei lá quando passa a deixar de o ser? O destino decidiu passar a tracejado a linha que nós tínhamos delineado contínua.
Não posso dizer que os dias passam devagar para isto parecer um desabafo obscuro e tristonho, até porque apesar de o ser, não posso dizer isso. Talvez por tu não estares do meu lado é que os dias passam a uma velocidade impressionante. Será que o objectivo disso é rever-te o mais rápido possível? Era uma bela surpresa que o destino me pregava, até porque sei que não é isso. Os dias, as horas, os minutos e os segundos passam assim porque o tempo de todos nós está a acabar-se. E eu gostava de poder agarrar esse tempo como se fosse algo palpável e puxá-lo para trás com todas as minhas forças até ao antigamente, em que eu não passava de uma criança feliz e que não sabia o título dos capítulos da minha vida de cor como sei agora; e este livro já se começa a alongar.
"Tu" é o capítulo mais longo de todos. Está a ser ainda escrito e não sei quando é que lhe vou colocar um ponto final. Talvez nunca. Tantos parágrafos que já dei, tantas palavras que já jorrei da minha alma por todo este tempo... que já nem lhes tomo conta.
E sabes que mais? Talvez deva começar um livro agora. E talvez ele tenha o teu nome. Até porque sempre foste a fonte de toda a minha inspiração faz anos, sabes disso, não sabes?
Até depois, meu amor.

terça-feira, 19 de julho de 2011

um quase

O tempo vai passando e algo dentro de mim vai-se modificando, deteriorando... Sempre me reconheci como uma adepta fanática do sentimento que serve de combustível aos corações de todos os habitantes do planeta, e continuo a saber que sou sua serva. Mas às vezes, não tenho a certeza de que o que sinto seja o certo. Algo muda dentro do meu corpo, e penso que está a seguir o caminho correcto, o seu destino...
Tudo o que escrevo deve-se ao amor e à fome contínua que sinto dele. Sou vagabunda e estendo a mão à espera que alguma alma caridosa me dê um pouco do seu, me proporcione um segundo de bem-estar interior. Mas é inevitável, como ele não é nenhuma mistura da minha alma e da de outrem, o gosto amargo consome-me os sentidos e tudo o que faço é cuspir. Cuspir no chão, no mundo, e na minha sanidade. É que eu não me refiro a um amor de família, que praticamente toda a gente lhe conhece o cheiro. Refiro-me ao romântico, ao que inspira poetas e pintores, dramáticos e pessoas como eu, que escrevem o que sentem sabendo que as palavras são desperdiçadas e nunca darão em nada.
Sei que quando as brancas se tiverem espalhado pelo resto do meu cabelo, vou relembrar estes últimos anos que vivi, e que ainda vou derramar muitas lágrimas às suas custas. É que eu sempre sonhei com um super-herói, com uma pessoa que não existe que fosse capaz de me tirar o fôlego de cada vez que diz uma única palavra, um alguém que não precisasse de pestanejar para eu saber que existia, um tudo que me deixasse ficar com a sensação que sem ele, eu não seria nada. E por seguir demasiado à risca esses pontos fundamentais que o meu coração me dá a conhecer, vanglorio e devoro romances impossíveis. Sou amante da perfeição apesar de nada ter a ver com ela (quem o tem?), mas é isso que me dá vontade de sonhar. E para sonhar, aqui estou eu. De pés juntos, queixo erguido, e coração aberto.

domingo, 3 de julho de 2011

Do you ever feel emptiness?

Uma neblina intensa ofusca-me a vista. A chuva lava-me o rosto enquanto que o seu som abafa os meus gritos no meio da rua abandonada. A alvorada aproxima-se, e eu ainda não mexi um único músculo desde que me deixaste aqui, sozinha, entregue à minha guerra de espíritos e à espera que a tempestade no meu interior amaine. Não sei se estou aqui há muito ou pouco tempo, porque para mim tudo parou. O tempo não me diz nada, e as únicas sensações que se prezam no meu ente são a dor e a agonia de teres arranco tu próprio de mim.
Disseste que já não fazia sentido estares ao meu lado sem me dares sequer explicações.
Antes, deixavas-me completa de ti e do que me fazias sentir quando a tua morada era a minha morada; agora, que te foste embora, tudo em mim é vazio e solidão. Aposto que agora andas a correr à chuva, sem destino, à procura de outra pessoa para ser o teu lar. Mas será alguém digno da tua presença no seu coração?
Antes o meu nome do meio era Alguém, mas depois desta noite, desta noite em que me disseste adeus e não me confirmaste se voltavas ou não para mim, que me apunhalaste no lado esquerdo do peito e me deste um pontapé na alma, esse meu nome foi substituído por Ninguém. E como consequência disso, já nem sequer sei quem sou. Limito-me a ficar sentada neste banco, à espera que a minha fonte de sofrimento cesse, e com esperanças de que tu voltes, minha antiga felicidade. O vazio é um companheiro chato e deixa-me sem rumo.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

(sempre) para ti

Há sempre um grande pedaço de coração que me arrancam quando sonho contigo. Além de ir dormir com um grande peso na alma nem sei bem porquê, fazem-me isto. Há noites em que só queria que me percorresses a mente, mas hoje, apesar de ter sido um sono bom, contigo do meu lado, isso acaba sempre por entristecer-me. Por umas horas, esqueço-me que o sonho aconteceu, e a minha vida parece quase normal... Mas quando relembro que invadiste a minha alma (sempre com o meu consentimento) e que só em sonhos te posso tocar, o céu e a terra derretem-me nas mãos.
Às vezes só queria agarrar nos meus pequenos sonhos e, tal como quem anda ao luar à caça dos pirilampos, juntá-los todos nas mãos em forma de concha, para poder depois atirá-los todos em frente e, como que por magia, trocá-los a todos por ti e ter-te ali, em carne e osso, para poder abraçar-te. E nunca mais te deixar ir embora.
Tenho tantas saudades tuas que até dói. Dói no coração, no corpo e na alma. O tempo passa, mas vai deixando mais marcas do que as que devia curar. E apenas a tua pessoa é capaz de as sarar, de lhes colocar um ponto final. Sei que vais ficar comigo para sempre. Mas quero-te aqui. Do meu lado. Agora.

domingo, 19 de junho de 2011

uma ajudinha nunca fez mal a ninguém.

preciso que votem neste vídeo para que umas amigas minhas possam ir ver os coldplay, pf!
1º - clicar em gosto no site http://www.facebook.com/optimus
2º - votar no nosso vídeo em http://passatempofacebook.optimus.pt/participation/joana-henriques/
a tua ajuda é bastante importante, participa e divulga a todos os teus amigos, obrigada *

segunda-feira, 13 de junho de 2011

something

Há uma música que me faz querer deitar na cama, pousar a cabeça e adormecer... Suave e levemente, lançando-me para um sono profundo e que me prende ao Além. Não é considerado um sonho, mas simplesmente um sono com um intuito único: refortalecer. Talvez este som peça uma nuvem emprestada aos céus e me leve para um "pseudosonho". Se calhar até me faz sentir melhor do que eu merecia; mas muitas vezes sonhamos com coisas boas - que até se nos rasga um sorriso no rosto enquanto o nosso corpo está adormecido - e acordamos mais cansados que nunca. Portanto, é mesmo uma imitação de tal.
A nuvem é fofinha mas impalpável. E agora perguntam-me, se o é, como o sei? A minha mente diz-mo como se me estivesse a contar segredos ao ouvido. Não sei do nada, mas é mesmo como se mo dissessem. Desta altitude já não consigo sequer pensar nos meus lençóis e cobertores, e tudo em mim transpira tranquilidade. Se eu não conseguisse virar o pescoço e ver as minhas costas limpas, acreditava que tinha nascido um par de asas nelas. De seguida, era só esperar que alguém me entregasse uma harpa e uma auréola dourada e brilhante aparecesse um pouco acima da minha nuca.
Sei que não estou a sonhar e que também não estou acordada. Por isso, acredito que esteja a fazer as duas coisas ao mesmo tempo mas não no sentido de frase feita. Sei porque estou aqui e sinto-me viva e rejuvenescida. Não quero voltar a respirar o oxigénio real e não me apetece voltar a encarar os problemas que me esperam fora daqui. Não quero que me arranquem deste paraíso à força, e quero que o meu coração continue assim, no meio termo. Sem palpitar, mas com o sangue a irrigá-lo na mesma. No impossível.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

million miles in a second

Os bons velhos tempos já lá vão. E saudades deles não me faltam, principalmente depois de sentir na pele o amargo sabor da saudade. Ela enlouquece-me e enfraquece-me. E, neste momento certo, só me apetecia estar perto de ti (frase já mais repetida que os meus próprios suspiros). Porque é de ti de quem tenho mais saudades; e logo de ti!, que és a pessoa mais importante da minha vida. O tempo foi-nos roubado. Mas no futuro, ele ainda há-de estar nas nossas mãos, bem preso no enredo da nossa relação. Já o espaço agora é quase infinito, mas há-de ser ínfimo e, mais tarde, nulo: reduzido à nossa respiração e ao som do palpitar do meu coração que nesse momento estarei a forçar para que não me saia do peito.
Já muitos dias passaram desde que te foste embora. Mas não é a terra um planeta pequeno? Por isso, para quê dizer que foste embora? Não é impossível tocar-te. Senta-te no teu areal, que eu sentar-me-ei no meu. Fecha os olhos, levanta o braço e estica a mão. Sinto-te aqui. Tão perto que quase sinto o teu calor. Não me deixes agora, nem nunca. Estamos a um pequeno grande passo um do outro.

terça-feira, 24 de maio de 2011

«as lágrimas são o sangue da alma»

A vida escorre-me pelos olhos e cai numa folha de papel. Ao tempo que vai, pinga por pinga, torneando um texto do meu próprio eu como se fossem as minhas mãos a desenhar uma história.
Partes de mim que eu desconhecia vão sendo contadas ao mundo sem a minha permissão. Vou percebendo porquês que ecoavam na minha cabeça e as razões são me dadas de bandeja. Outra faceta de mim é-me mostrada, e mal eu sabia da sua existência: é outra pessoa, uma desconhecida em quem me quero tornar por tudo neste mundo. Tem as decisões tomadas, e é a poça de água que me mostra o futuro. Que, além de perfeito, é meu.
Mas há algo no fundo dela, um algo desfocado e pouco perceptível que me pisca nos olhos e tenta chamar-me a atenção. Um aparte que eu não queria saber, a mancha negra na capa de cavaleiro branco. Apunhala-me uma faca no peito e atira-me ao chão, sem um único esforço da minha parte para a deter. O coração parte-se-me no peito por perceber que, depois de tanto esforço, de tanto sofrimento, esse futuro que me parecia tão racional é sem ti. As legendas desta história para mim passam a deixar de fazer sentido e nisto, os meus olhos lacrimejam sangue; porque os papéis foram invertidos e agora quem chora é a minha alma.
E sem ti, não há oxigénio que consiga inspirar.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

don't know where I am

O meu peito está vazio. O fôlego engolido pelo turbilhão enviado pelo destino. O palpitar não está em transe... Apenas ficou perdido entre as passagens de vida para vida. Não sinto grande coisa. Ouço um zumbido na orelha direita, inquietante e descontrolado; mas a orelha direita está num silêncio profundo. O resto do meu corpo está numa espécie de dormência. Tento abrir os olhos, mas é como se eles já não existissem. Tento esticar uma perna, mas parece até que ma amputaram. Já não sou eu. Tento trabalhar o cérebro e descobrir onde estive pela última vez, porque me sinto assim, de onde vêem todas as interrogações, mas nem do meu nome me lembro! Existe apenas um nada que na realidade é tudo que me envolve neste momento: medo do que é isto.
Não sei em que estado me encontro, nem sequer se o que estou a viver é verdadeiro ou um mero sonho. Mas nem sequer respiro. A única coisa que faço perfeitamente é raciocinar. Só que isso não me serve de nada
quando nada acontece!
Não aprendi a fazer ginástica ao órgão pensador para poder fazer magia. Só espero que isto...

Os meus olhos abrem-se sem eu fazer qualquer esforço. Os dois ouvidos já funcionam. Ouço um som de uma voz angelical, mas não vejo ninguém. O cenário é um imenso branco que não me desaparece dos olhos. Não acredito que isto seja o Céu,
mas não há saída.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

meu amor

A cada dia que passa tenho ainda mais a certeza de que preciso de ti. Há um espaço vazio na minha alma que apenas condiz com os teus contornos e só se consegue afeiçoar a ti. Os meus braços parecem só conhecer o teu aconchego e, de cada vez que me lembro de que não há dia certo para voltar a ver-te, as minhas muralhas caem em ruínas. Relembro vezes sem conta a última vez que te abracei, e quero ter presente esse momento num cantinho do meu coração até ao final da minha vida. Só me apetecia poder repeti-lo hoje, agora, amanhã e eternamente.
Há pouco tempo li uma frase que se adequa completamente a esta situação: «parece que quanto mais gostamos de uma pessoa, mais longe ela vive». Ao olharmos para a nossa actual situação apercebemo-nos que o antes não era absolutamente nada. Agora sim, isto é grave.

Consideraria a minha vida completamente perfeita se neste momento, na vez de de estar a perder o meu tempo a escrevinhar sobre a minha supérflua vida, estivesse de mãos dadas às tuas, a trocar palavras carinhosas e juras de amor eterno. Só que é praticamente impossível... E não deveria o amor ser capaz de ultrapassar todas as barreiras? É o que dizem os poetas. É verdade que consegue viajar por estradas e mares infinitos, que transmite a sua energia por distâncias inimagináveis e é capaz de se mostrar ao longe. É o que acontece connosco, posso bem dizê-lo.

Só quero que saibas que te vou sempre amar, que tens uns enorme espaço reservado para ti no meu coração e que, por mais pessoas que entrem e saiam da minha vida, a tua estadia nela é permanente.
As circunstâncias não nos são favoráveis, mas quando duas pessoas são como irmãos, nada é capaz de os separar. Absolutamente nada.

E eu tenho firme certeza que tu e eu vamos estar para sempre juntos.

domingo, 1 de maio de 2011

trains

São triliões. Passam de rompante e levantam-me os cabelos ao sabor do vento que trazem consigo. Levam pessoas aos seus destinos e pelos seus próprios caminhos. Quem sabe se na primeira carruagem não vai uma rapariga nervosa, de lágrimas nos olhos, e com os músculos cansados, depois de uma última vez com a sua (pensava ela) alma gémea? E na segunda vai uma mãe, com o seu filho ao lado a dormir profundamente, com rumo a uma nova vida? E na terceira um idoso que quando chegar a casa e se deitar, nunca mais acordará? As pessoas são tantas e todas tão diferentes. Mas ao mesmo tempo tão iguais... Percorrem o mesmo troço, ambas têm um destino, e todas têm uma razão para estarem ali sentadas, naquela hora, naquele dia. Quando faço parte das infinitas multidões que por lá dentro pairam, começo a observá-las. Tento identificar-me, e dar a cada uma a sua própria história. E assim passo o tempo. Às vezes, simplesmente fecho os olhos, e mesmo estando ao lado de um desconhecido, passo esse facto ao lado e deixo-me transformar-me numa mendiga de sonhos. E tem dias em que imagino que o meu destino depois dali sair são os teus braços. E isso faz-me sorrir como uma criancinha. Oh, era tão bom que fosse verdade! Imaginar-te ao fundo com um sorriso de orelha a orelha, o cabelo preto completamente perfeito, o corpo hirto mas ao mesmo tempo irrequieto, com tamanho nervosismo quanto o meu.
Depois, acordo de rompante e dou por mim, dentro do comboio, sem ti ao meu lado. E isso faz-me desfalecer.
E nisto, dou conta de que não consigo viver sem ti.
«A distância das moradias não desune o amor dos corações»

segunda-feira, 25 de abril de 2011

poça de lama

Mesmo encostada à cama, com poucas calorias no corpo e sem forças para levantar um dedo sequer, consigo ainda saber que estás mesmo a passar em frente a minha casa. Tenho os olhos fechados, a minha respiração está intermitente mas o pulsar do meu coração é contínuo e meloso. No meio do silêncio sepulcral que se faz nesta divisão que é mais o meu túmulo do que o meu quarto, ouço-te respirares ao mesmo tempo que eu. Estás cansado, e olhas incansavelmente para o meu jardim. Todos os dias que por aqui passas, à mesma hora, e demorando o mesmo tempo, tens o mesmo objectivo: deitar os olhos em mim, num cabelo meu, em algo que me pertença; algo que te faça saber que ainda tenho sangue a viajar por entre as minhas veias.
O quarto já de si é a escuridão total, mas a que exteriorizo do meu coração ainda o torna mais estranho e, de certa forma, aterrorizante. Mas isso não me incomoda. É que se tivesse medo do escuro, teria medo da minha própria alma.

Sei exactamente, com vírgulas e pontos finais incluídos, o que estás a pensar. Numas vezes tens a certeza de que morri e que foi por isso que nunca mais se ouviu falar em mim... Mas todas as noites, incluindo as poucas em que dormes bem porque não intervenho nos teus sonhos, antes de adormeceres, tens também toda a certeza de que estou viva. E, pior de tudo, que ainda me amas.

Hoje é um dos dias em que te sentes decidido a deixar-te ficar mais uns segundos lá à frente, qual estátua de jardim, a ver se ganhas coragem de tocar à campainha. Mas eu conheço-te tão bem que sei que não preciso de me preocupar - nunca o farás. Antes, eras um rapaz repugnante que se deixava mover pela razão e não pensava no que dizia: magoava e não dava por isso. E foi por isso que me vim embora. Tu. Tu és o culpado de eu agora ser tal e qual uma filha das trevas, uma deusa da noite sem asas a adornar as costas, uma zé ninguém que agora não pode sair à luz do sol porque não sente o calor a queimar-lhe a pele faz meses. E sabes disso.
Depois de eu desaparecer, começaste a pensar nas horas, nos dias e nos meses que passaste a meu lado e nas quantas vezes que erraste. E aí, apercebeste-te que o malfeitor foste tu. Mesmo assim, não vale a pena continuares a passar aqui. Para quê? As tuas lágrimas não servem nem para água de autoclismo, o teu suor apenas serve para te avisar de que precisas de um bom banho. E o teu coração, que começou a funcionar faz pouco tempo atrás, ainda é uma criancinha. E por isso ainda não sabe o que é realmente a dor. E disso, não me falta.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

brother

Às vezes tenho a certeza de que se estivesses a poucos metros de distância todos os dias, a minha vida seria mais fácil. As nossas vidas seriam mais fáceis. Tu és o meu porto de abrigo, a almofada onde descanso a cabeça quando tenho a minha alma a derreter-me nas mãos, a força a que me agarro, o cavaleiro por quem sempre espero no baloiço do meu jardim, o príncipe encantado que anda a dar voltas ao mundo à minha procura, o tudo que me preenche o órgão fraco e cansado que tenho do lado esquerdo do peito.
Em muitos momentos da minha vida só me apetece parar, ajoelhar-me, e gritar para os céus o quanto a injustiça é grande no mundo cá de baixo. Mas apesar disso, eu sei que não nos vamos separar. E, apesar de já o ter escrito milhões de vezes, sei que não o preciso de dizer tantas vezes quanto isso para ter a certeza de que é a mais pura das verdades. Dentro dos nossos corações, estamos sempre unidos, sempre em sintonia, como se fossemos as cordas de um mesmo violino numa única canção.

A afeição que temos um pelo outro é tão mas tão grande que eu sei que nunca vais deixar que me magoem. Tal como eu dava e dou o mundo por ti, sei que farias o mesmo por mim. E é por isso que te considero meu irmão. És o único, o de sempre e para sempre. E nem o oceano atlântico é capaz de desfazer o nosso laço. Nunca.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

aqueles dias

Depois, há aqueles dias em que nos apetece sair de cá, ir para outro mundo, viajar por outros troços, percorrer outros caminhos... Dias em que nos apetece até ser raptados por alguém por motivos não desonrosos mas apenas para nos ensinar o que é viver no desconhecido.
Hoje, por exemplo, podias-me levar para tua casa e deixar-me ficar lá em cativeiro por uns tempos. Podias abraçar-me por horas eternas e falar comigo a toda hora. Sei lá, não vos apetece também a vocês às vezes desaparecer? Mudar de ares não apenas para espairecer mas para nos esquecermos de uma outra vida e fazê-la num pequeno botão no meio do armário da roupa inteiro? Para parecer um nada que já lá vai, o tal botão num casaco que usava quando tinha 10 anos e que agora já nem me lembro da sua existência.
Se me ouves, se sentes isto que tenho no meu coração, pega na minha mão, puxa-me pelo braço, pega-me ao colo, às cavalitas, e faz-me esvoaçar para fora daqui.
Um dia começo a fartar-me da vida neste local. Parece muito aconchegante, onde tudo é lindo e maravilhoso, mas a rotina torna-se chata e desgasta o nosso interior. E é por isso que adoro mudar de locais por meros dias, ir para sítios diferentes onde ninguém sabe quem somos e onde, mesmo ninguém sabendo o meu nome, me sinto a rainha desse mundo fora. Uma rainha desconhecida, será isso possível?
Agora, começo a embrulhar-me demasiado com todo este paleio que não interessa a ninguém. Tirem-me daqui. Preciso disso.

Peço imensa desculpa aos meus seguidores por ultimamente não ter escrito nada de novo aqui no blog, mas além de não ter paciência para tal, tenho uma querida amiga aqui comigo a passar as férias da páscoa. Fiquem bem!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

a máscara da felicidade deixa-nos cegos

Há dias em que nos sentimos os reis do mundo, sentindo a altivez momentânea a evaporar pelos poros. Sabemos que deixamos um perfume de importância por todas as ruas em que passemos e que, sem excepção, toda a gente sabe quem somos, o que fazemos, do que gostamos e o que ambicionamos; mas há também outros dias em que achamos ser os mendigos que vemos à porta do mercado, onde estão faça chuva ou faça sol, de mão erguida, por vezes com um quadrado de papelão mentiroso a arranjar motivo para que lhes larguem um centavo de caridade na palma. Achamos que qualquer que seja a meteorologia local, o nosso estado espírito está em baixo mas que, se alguém com um doce coração nos dá um sorriso, o sol começa a brilhar mais forte e a alma renova-se, qual rolo de papel higiénico quando acaba e alguém se dá ao trabalho de o trocar.
Há dias em que qualquer pontapé que nos dêem, por mais mísero que seja, é tão forte que é capaz de nos fazer perder a estabilidade e atirar-nos ao precipício. Uma palavra no momento errado, um olhar mal encarado, um suspiro nos intervalos de confissões são outras tantas coisas que, em dias como este, são mal interpretados e podem levar qualquer âmago à ruína, se nos tocar bem lá no fundo e de forma a provocar tal destruição, que ela se alastra pelo resto do corpo.
De quando em quando, faz bem sentirmo-nos assim: para nos apercebermos de possíveis erros que, quando tínhamos a máscara da felicidade estampada no rosto, não conseguíamos detectar, para darmos valor ao que naquele momento não temos nem podermos ter, entre outras coisas.
Mas não nos parece um futuro tão bom aquele em que nos vemos a saltitar com um sorriso de orelha a orelha e a espalhar alegria como se fossem pózinhos mágicos? Só que o grande problema, o que tanto deve dar dores cabeça aos filósofos, é que os que estão sempre felizes vivem num mundo à parte. Há que sublinhar que o nosso mundo não é - de todo - feito de arco-íris e flores à mistura, não é só doces sabores e sons bonitos. É feito de injustiças e dos que fazem que não vêem, dos que deixam passar ao lado e não se importam porque o que é mau não lhes toca na pele. E é por isso que existem os tais momentos em que nos sentimos os mendigos da praça, os zés-ninguém sem vida e sem destino.