quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ciclo vicioso

Temos o vício de olhar para trás quando o nosso percurso de vida parece estar a formar um sorriso, o que é errado. Temos sempre tendência a achar que o que já passou é o melhor e que tudo até aqui parece não fazer sentido. Graças a isso, já não nos apetece encarar o futuro: tudo o que queremos é o que já foi e não volta, o tempo que já percorremos e ao qual não podemos voltar a caminhar por cima. Quando deixámos lá os nossos passos, as cordas da ponte que ligava o antes ao agora romperam e deixámo-nos partir ao alcance do horizonte.
Muitas vezes acontece que deixamos pedaços de nós do outro lado da ponte, irremediavelmente perdidos no passado, e os quais deveríamos supostamente substituir por uns novos. Na maior parte dos casos, deixamos lá o nosso coração, o que consideramos ser irrecuperável até termos finalmente coragem para olhar em frente e nos apercebemos que nada é irrecuperável. Há sim que arranjar um espaço só nosso no vindouro, onde possamos lamber as feridas criadas pela aventura do episódio anterior, e continuar a percorrer o caminho já delineado.
Quando conseguirmos dizer para nós próprios eu superei é que as portas do que virá se irão abrir para nós e do outro lado seremos recebidos por uma bandeja de ouro com ligaduras, para que nos possamos preparar para uma nova aventura, no outro lado da ponte.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

eternidade

E é para aí que eu quero fugir contigo. Para o centro invisível do Mundo, o paraíso escondido, onde as almas desencontradas em vida se encontram sob as nuvens do Além. Sou pessoa de acreditar no que parece ser impossível... E, por mais vezes que diga que sim, eu não desisti. Talvez só consigamos encontrar uma certa perfeição na nossa relação depois de termos seguido caminhos paralelos em vida - e iremos encontrar-nos no infinito. Lá, não existem quilómetros, não existem espaços vazios. Tudo está à distância de um passo e não há dificuldades. Somos só nós, a sensação de vazio na consciência, e tudo o que mais gostávamos quando o nosso coração batia. Agora, apesar de ele estar parado - mais do que nunca - é quando se sente mais preenchido; de tudo e de nada.
Logo de seguida ao ponto final colocado no nosso fôlego, foi começado a escrever um novo parágrafo colocado em anexo. E esse parágrafo será o início de uma saga... que não terá fim. Uma história em que sou personagem principal e em que o enredo é escrito utilizando a tinta que jorra das minhas veias sem vida, sendo que tu és outro dos personagens principais e uma das diferenças com a vida é o facto de não sermos separados. Desta vez podemos dizer com certezas que o futuro está nas nossas mãos sem termos aquela incerteza de frase quase feita. Porque lá, onde tudo é eterno e os confins são o limite, fazes do para sempre o que queres.

domingo, 6 de novembro de 2011

como sempre

Não é sequer o medo de não te voltar a ver. Isso, sei ser impossível. Ainda te hei-de ver muitas vezes na minha vida, ainda me vou enrolar mil e uma vezes nos teus braços. Nem que para isso tenha de mudar a minha própria vida; talvez daqui a uns anos os nossos caminhos se voltem a cruzar e - disto tenho a certeza - quando eu passar por ti não vou olhar para ti como um mero desconhecido. Vou gritar, vou correr e vou saltar para o teu aconchego.
Há dias em que o meu pensamento pouco vai de encontro com a tua imagem, com as saudades que tenho tuas, com o quão longe estás... Há dias que nem me lembro disso. Penso que ainda estás ali, bem mais perto de mim que agora, e que basta pouco para te poder contactar. Mas é mentira. Estás mais longe do que alguma vez poderias estar! Tocar-te na pele é impossível, e é por isso que opto por te tentar tocar no ente, no ponto fulcral onde sei boiarem pedaços de mim. Não os deixes desaparecerem, meu pequeno. Não deixes.
De momento a momento, também posso deixar o meu coração e a minha própria alma enlouquecerem, darem-me vontade de me atirar ao mar e chegar até a ti: se levasse a tua voz como alimento, chegaria num piscar de olhos. Mas porque continuo a teimar no que já há muito não me pertence? Preocupo-me. Queimo os braços com as minhas próprias unhas deixando as cicatrizes dessa dor, para assim não relembrar a dor que sinto no lado esquerdo do peito por não ter a tua mão sempre dada à minha.