quarta-feira, 28 de outubro de 2009

e tu és


hoje sentei-me na minha cadeira de baloiço à frente da janela. o tempo estava quente, mas começou a chover. enquanto olhava para lá para fora, crescia um enorme desejo em mim de ir ter contigo e te abraçar; vagueavas no meu pensamento e no meu olhar.
as gotas eram grossas e faziam imenso barulho quando rebentavam no meu jardim. ao longe via-se o pôr-do-sol, mais laranja que nunca, e com um brilho que ofuscava os meus olhos. partilhar esta visão contigo seria uma maravilha, e do nada tive outro desejo: que estivesses a olhar para esta paisagem neste mesmo momento, e assim partilharmos uma vista. entre tudo isto adormeci e não sonhei com absolutamente nada, os meus olhos apenas viam o escuro e eu sabia bem que estava a dormir. quando acordei, à minha frente já via a grande lua no seu estado mais preenchido - era noite de lua cheia. Novamente, pensei que deverias estar a olhar para ela e para o seu grande esplendor ao mesmo tempo que eu, mas sabia que era quase impossível. ou não. eu não podia saber, apenas te contactando, mas não o iria fazer.
levantei-me e sentei-me na beira da cama, peguei num livro e abri-o numa página qualquer "Já fizeste um dominó? Já pensaste que a existência humana é tantas vezes assim? Passamos dias, semanas, meses, anos, a construir os nossos sonhos e, num breve instante, alguém tropeça neles e tudo se desfaz e desmorona, numa sucessão de azares impossível de travar. Quando o meu dominó começa a cair, junto-lhe mais peças na cauda e aproveito para limpar fantasmas na enxurrada. Ao menos sofro tudo de uma vez, condenso a frustração num par de dias e fico a enxaguar a tristeza até ela secar ao sol." lembro-me tão bem de estar a ler este livro... a cada página que passava dava-me uma enorme vontade de chorar e dizer tudo isto a alguém, havia sempre vontade e tempo para dar a este livro, é perfeito, até hoje foi dos que mais me tocou. enquanto pensava sobre as minhas leituras, ouvi a campainha. vesti o meu robe e calcei os meus chinelos muito depressa e fui a correr até à porta. Olhei pelo buraquinho da porta e vi-te com um enorme ramo de rosas brancas na mão a sorrir.
tens um sorriso lindo meu amor

sábado, 24 de outubro de 2009

i need you

Transforma-te para o real, e sê uma figura bem torneada perante mim, mostra-te. Eu preciso tanto de ti, tens essa noção? Quero alguém que me abrace e me pergunte o que se passa, que me dê beijinhos na testa e diga que vai estar sempre a meu lado, alguém que nunca me deixe, seja em que momento for. O que quero realmente? Um futuro, principalmente daqueles felizes. Quero um caminho com setas para me indicar a direcção e assim não ter oportunidade de voltar para trás e seguir sempre em frente, nem que tenha uma enorme corda amarrada ao teu coração a puxar-me. Quero um guia, ou antes, quero-te como meu guia para o resto da minha vida. Mas afinal, quem és tu? Nos meus sonhos a tua face, apenas a tua face - o segredo - aparece desfocada. Mostra-te, mostra-me quem és tu afinal. Mostra-te antes que a minha alma feche a porta do meu quarto e nunca mais me deixe sair de lá por falta de coragem, falta de alguém a quem dar a mão.
Estarei a fazer uma tempestade num copo de água? Apenas te quero a ti a meu lado, para sempre, ou por algum tempo (no meu diário os para sempres nunca são verdadeiros, deixei de acreditar nessa expressão) - tempo que me dê tempo e forças para me levantar do chão, e continuar a seguir em frente, agarrada à tal corda puxada pelo teu coração.
Nos meus sonhos mais dramático-românticos (será que isto existe?) imagino-me de joelhos no chão, sob a chuva, com as mãos na cara a chorar, sendo que a chuva são as minhas lágrimas, o meu apoio naquele momento. E do nada apareces, levantas-me, e o sol aparece. Torna-se um sonho cor-de-rosa, com um céu cor-de-rosa, nuvens brancas, e campos cor-de-rosa. Mas isto na minha vida é um nada, porque não posso confiar na minha mente. Porque sempre que imagino algo que quero mesmo muito, desaparece, a oportunidade desaparece e volto a cair pela montanha abaixo, cortada pelos espinhos pelos quais passei pelo caminho, e começo da estaca zero. Sou um nada, sou um pano de seda transparente no meio da noite, a lista preta de um zebra, a última folha a cair da árvore no Outono, o -1 na escala de números.
Apenas vivo no fundo da estrada à espera de te ver chegar com o pôr-do-sol.


e foi o fim de uma semana difícil, ou não.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

estás aí?


Procuro-o em cada recanto da minha memória, em cada marca de lágrima deixada nos montes de livros que li enquanto o amava, e apenas encontro recordações. São tantas e tão perfeitas, mas isso já vai tão longe, é tão passado. E agora? Agora procuro o futuro nas minhas mãos, nos olhos de cada pessoa, nos seus movimentos. Agora procuro-te a ti entre as multidões, procuro-te no meio das paragens para o autocarro, nos corredores, em cada café, em cada sala, em cada caminho e em cada passadeira. Vejo-te tantas vezes como tantas vezes não te vejo, pois foges-me à vista e perco todo o raciocínio. Agora pergunto: estás aí, ou estás apenas a fazer que estás? Andas à minha procura? Quanto tempo mais esperas por mim? Se neste momento eu abrir a janela do meu quarto vais estar lá à minha espera sentado no jardim? Vais estar de pernas cruzadas a olhar com esses teus olhos castanhos reluzentes e a sorrir para mim à espera que te diga para entrar? Ou apenas, não vais estar.
Quando o telefone tocar, se fores tu, diz logo tudo duma vez. Vi-te uma vez ali nas escadas, e outra sentado no cimo do poste. Estás aí?
À dias estavas no meio do céu, e à horas atrás vi-te a ler um livro sentado na mesa de um bar. Estás aí?
E neste momento, estás-te a lembrar que estou à tua procura? Aviva-te a memória se disser que preciso imenso de ti aqui e agora? Espero que sim. Se leres isto, dá um sinal. Manda um bip para a minha mente, que saberei onde estás, por mais longe que seja. Adormeço a pensar em ti, meu ninguém mais que querido, mais que eterno. Estás aí?
Se me ofereceres um presente, não me dês nenhum urso de peluche já tão usado a dizer "I love you", prefiro que me dês as tuas palavras a dizer 'amo-te'.
Estás aí meu amor? Não, não estás. Eu sei que não, mas porquê pensar que não, se se quer pensar que sim? Não te esqueças, estou à tua procura, ninguém.

sábado, 17 de outubro de 2009

reiniciar


Saí de casa a correr para não perder a boleia. Fechei a porta à chave e ainda vinha com a torrada na mão. Não queria chegar atrasada mas hoje adormeci. "Tenho de me despachar!"
Comecei a seguir o meu caminho ao mesmo tempo que bocejava e as lágrimas me chegavam aos olhos. Estava cansada; a noite passada tinha sido horrível. "Porque é que ele me deixou?" Já não me lembrava bem do que se tinha passado, porque tinha abafado todas aquelas informações e lágrimas na minha almofada até adormecer. Fiz um esforço, estava tão profundo que era difícil de arrancar. "Ah... Porque já não me ama." Ao pensar nisso mais uma vez fez-me parar no meio da estrada "Não acredito." Comecei de novo a chorar, mas entretanto um carro elevou a sua buzina e fez-me acordar. Pedi desculpa e continuei a caminhar em frente, sempre em frente. Não queria pensar no que tinha acontecido outra vez, não queria desfazer-me em água salgada de novo. Mas enquanto olhava para os sinais de trânsito, para os placares, para cada montra, para as outras pessoas, via-te a ti. Estavas em todo o lado e não te querias ir embora. "Sai daqui, por favor." Murmurei a mim mesma e fechei os olhos com todas as minhas forças. Peguei num lenço e limpei as lágrimas. Olhei para o relógio e vi que as horas tinham passado mais depressa do que eu queria, portanto já tinha perdido a tal boleia e podia esquecer todos os planos que tinha para hoje: dia estragado, ou seja, mais um dia que tu estragaste, mais um dia que vou passar a pensar no que aconteceu. Sentei-me num banco no meio de um jardim. Peguei no telemóvel e comecei a ver as mensagens que tinha guardado tuas "Tenho saudades tuas.", "Gosto tanto de ti minha princesa.", esta era a mais importante para mim: "Meu amor, tens noção do quanto gosto de ti? Obrigada, um sincero obrigada por todas as tuas palavras de reconforto quando estou mal. Obrigada por nunca me teres deixado quando tinhas mais do que razões para isso. Obrigada por seres tão sincera e humilde. Obrigada por teres entrado na minha vida, e principalmente, obrigada por me amares, porque tu fazes de mim a pessoa que sou." Durante o dia recebia mais de vinte mensagens tuas, mas agora que olho para o que passou, para o que me disseste, vejo que era tudo mentira. Enganavas-me da forma mais pura, mas ainda assim continuava a amar-te. "Sou tão estúpida!" saí do banco a correr e decidi que ia ter contigo para tirar explicações. Isto não podia acabar desta forma, era impossível. Tinhas argumentos sem sentido nenhum, pois não ias deixar de me amar de um dia para o outro. (ou sim?) Bom, não sei, mas de qualquer forma preciso de ver-te e saber se estás bem ou não.
Comecei a correr para a paragem de comboios, mas a linha estava fechada; estava a passar um comboio. "Odeio quando isto acontece." e enquanto dizia isto, vi-te. Estavas do outro lado da rua e olhavas para mim. Estavas a sorrir.

domingo, 11 de outubro de 2009


"Amor, consegues ver bem daqui?"
"Desde que esteja a teu lado, desde que te possa tocar e ver como os teus olhos brilham perante tanta beleza, já me basta."


Estavas com a tua cabeça sobre as minhas pernas, e olhavas os meus olhos directamente, como se nada de mais belo existisse no mundo.
"Sabias que és a minha vida?"
O meu silêncio já afirmava que sabia, não precisava de dizer que sim para teres a certeza de que era mútuo. És a minha vida e vais ser sempre. Tu és tão simples, tão lindo, tão especial. Amo ouvir-te falar, amo ver-te pestanejar. Simplesmente amo-te a ti, e por mim, pela minha felicidade. Porque o nosso amor é a minha (e a tua) felicidade. Porque sei bem que vivemos para nos amarmos constantemente, durante o dia e durante a noite, enquanto chove, e enquanto o sol queimas os meus e os teus cabelos.
"Amo-te"
"Eu também te amo, pequenino"
Enquanto te dizia isto encostei-me um pouco a uma pedra enquanto saboreávamos o sal vindo da brisa do mar. Ambos amamos o mar. Quanto a isso, somos realmente almas gémeas, e quanto à forma de falar e escrever igualmente. Mas só isso, porque de resto, somos completamente diferentes. Mas só o facto de estarmos unidos nos faz ser duas peças de um só puzzle, encaixando de forma perfeita.
Adormeci. Enquanto sonhava, dava por mim a sentir os teus lábios sobre os meus olhos fechados e os teus braços sobre o meu tronco. Consigo sentir e gravar tudo na minha mente enquanto durmo, e neste momento apenas quero relembrar ao meu cérebro e ao meu coração de que é contigo que quero ficar para sempre.
Um sussurro "és perfeita". Acordo e respondo-te com a maior das verdades "és um sonho, eu quero ficar contigo para sempre". E assim foi a nossa noite, os dois deitados sobre a areia a olhar algo que nos uniu.
(é tão bom sonhar)
repito: quero ficar contigo para sempre, mesmo que sejas um sonho

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

o que causas

Uma verdade? Estou farta. Uma questão: porquê? Na verdade, a sorte não tem estado muito do meu lado, ou então anda a fugir de mim a sete pés, entre esses quelhos que são os contratempos na minha vida. As esperanças são todas esmagadas pelo pé de outrem que passou a fazer parte - apesar de, num grau secundário (diria até negativo) - da minha vida. Posso dizer que todas as noites imagino um bocadinho do que gostava que acontecesse, mas no dia seguinte, vai tudo por água abaixo. Recebo um grande balde de água fria pela cabeça abaixo e acordo; Estou a tremer, mas não me importo. Só me importo da maneira como me sinto por dentro, do estado em que o meu coração ficou. O meu corpo agora não importa, pois só o uso para conseguir comunicar, pois se conseguisse que apenas a minha alma fala-se, faria-o, era o melhor.
Mas eu sei que vou ficar bem, e talvez até possamos a ser amigos outra vez. (ou ainda somos amigos? não sei)
Quando falo contigo, tento suavizar a minha forma de estar e falar para pensares que estou bem e que não me importo. Mas tu sabes bem que me importo, e que isto não me deixou bem. Depositei em ti parte do meu eu, achei que podias ser algo com futuro, pois a tua simpatia é fascinante.
Mas agora vejo-te de outra maneira, e quando estás perto finjo não te ver, viro a cara e finjo que não me fazes diferença, o pior é que fazes, fazes-me imensa, principalmente magoas-me quando estás com a outra pessoa. Mas tu não tens culpa, e por isso não vou esperar que me peças desculpa ou que lamentes pois sei que não o vais fazer. Mas eu gostava que o fizesses, sentiria que sabes que existo. Eu gosto mesmo muito de ti, mas deixa, nem tudo o que sonhamos acontece, e tu foste tudo isso. Deveria ter estado no meu lugar, sem dizer nada, sem fazer nada - quieta, pois estas minhas acções podem não ter originado isto tudo, mas foram um pequeno empurrão.
Não te peço nada, porque na realidade não valeria nada. Não vou chorar, mas vou ficar ainda mais cansada com tudo isto, é tudo ao mesmo tempo, e desvanecer no ar. Porque chorar, não o quero voltar a fazer, apesar de saber que é uma missão impossível. Mas maior missão impossível és tu. Estás longe de mim, estás longe daqui

- you're the one who let me down, the one who doesn't care.