sábado, 30 de julho de 2011

capítulos de vida

Tu. Quando redijo estas duas letras, a primeira pessoa em quem penso... és tu. Como se o meu cérebro e coração já estivessem programados para isso, tal como o nosso telemóvel no teclado inteligente, por tanto usarmos tal palavra. O meu dia-a-dia sem ti já é rotina. E sei lá quando passa a deixar de o ser? O destino decidiu passar a tracejado a linha que nós tínhamos delineado contínua.
Não posso dizer que os dias passam devagar para isto parecer um desabafo obscuro e tristonho, até porque apesar de o ser, não posso dizer isso. Talvez por tu não estares do meu lado é que os dias passam a uma velocidade impressionante. Será que o objectivo disso é rever-te o mais rápido possível? Era uma bela surpresa que o destino me pregava, até porque sei que não é isso. Os dias, as horas, os minutos e os segundos passam assim porque o tempo de todos nós está a acabar-se. E eu gostava de poder agarrar esse tempo como se fosse algo palpável e puxá-lo para trás com todas as minhas forças até ao antigamente, em que eu não passava de uma criança feliz e que não sabia o título dos capítulos da minha vida de cor como sei agora; e este livro já se começa a alongar.
"Tu" é o capítulo mais longo de todos. Está a ser ainda escrito e não sei quando é que lhe vou colocar um ponto final. Talvez nunca. Tantos parágrafos que já dei, tantas palavras que já jorrei da minha alma por todo este tempo... que já nem lhes tomo conta.
E sabes que mais? Talvez deva começar um livro agora. E talvez ele tenha o teu nome. Até porque sempre foste a fonte de toda a minha inspiração faz anos, sabes disso, não sabes?
Até depois, meu amor.

terça-feira, 19 de julho de 2011

um quase

O tempo vai passando e algo dentro de mim vai-se modificando, deteriorando... Sempre me reconheci como uma adepta fanática do sentimento que serve de combustível aos corações de todos os habitantes do planeta, e continuo a saber que sou sua serva. Mas às vezes, não tenho a certeza de que o que sinto seja o certo. Algo muda dentro do meu corpo, e penso que está a seguir o caminho correcto, o seu destino...
Tudo o que escrevo deve-se ao amor e à fome contínua que sinto dele. Sou vagabunda e estendo a mão à espera que alguma alma caridosa me dê um pouco do seu, me proporcione um segundo de bem-estar interior. Mas é inevitável, como ele não é nenhuma mistura da minha alma e da de outrem, o gosto amargo consome-me os sentidos e tudo o que faço é cuspir. Cuspir no chão, no mundo, e na minha sanidade. É que eu não me refiro a um amor de família, que praticamente toda a gente lhe conhece o cheiro. Refiro-me ao romântico, ao que inspira poetas e pintores, dramáticos e pessoas como eu, que escrevem o que sentem sabendo que as palavras são desperdiçadas e nunca darão em nada.
Sei que quando as brancas se tiverem espalhado pelo resto do meu cabelo, vou relembrar estes últimos anos que vivi, e que ainda vou derramar muitas lágrimas às suas custas. É que eu sempre sonhei com um super-herói, com uma pessoa que não existe que fosse capaz de me tirar o fôlego de cada vez que diz uma única palavra, um alguém que não precisasse de pestanejar para eu saber que existia, um tudo que me deixasse ficar com a sensação que sem ele, eu não seria nada. E por seguir demasiado à risca esses pontos fundamentais que o meu coração me dá a conhecer, vanglorio e devoro romances impossíveis. Sou amante da perfeição apesar de nada ter a ver com ela (quem o tem?), mas é isso que me dá vontade de sonhar. E para sonhar, aqui estou eu. De pés juntos, queixo erguido, e coração aberto.

domingo, 3 de julho de 2011

Do you ever feel emptiness?

Uma neblina intensa ofusca-me a vista. A chuva lava-me o rosto enquanto que o seu som abafa os meus gritos no meio da rua abandonada. A alvorada aproxima-se, e eu ainda não mexi um único músculo desde que me deixaste aqui, sozinha, entregue à minha guerra de espíritos e à espera que a tempestade no meu interior amaine. Não sei se estou aqui há muito ou pouco tempo, porque para mim tudo parou. O tempo não me diz nada, e as únicas sensações que se prezam no meu ente são a dor e a agonia de teres arranco tu próprio de mim.
Disseste que já não fazia sentido estares ao meu lado sem me dares sequer explicações.
Antes, deixavas-me completa de ti e do que me fazias sentir quando a tua morada era a minha morada; agora, que te foste embora, tudo em mim é vazio e solidão. Aposto que agora andas a correr à chuva, sem destino, à procura de outra pessoa para ser o teu lar. Mas será alguém digno da tua presença no seu coração?
Antes o meu nome do meio era Alguém, mas depois desta noite, desta noite em que me disseste adeus e não me confirmaste se voltavas ou não para mim, que me apunhalaste no lado esquerdo do peito e me deste um pontapé na alma, esse meu nome foi substituído por Ninguém. E como consequência disso, já nem sequer sei quem sou. Limito-me a ficar sentada neste banco, à espera que a minha fonte de sofrimento cesse, e com esperanças de que tu voltes, minha antiga felicidade. O vazio é um companheiro chato e deixa-me sem rumo.