quinta-feira, 29 de novembro de 2012

shaking hands with the devil


Limitamo-nos a amar. Incondicionalmente, profundamente, e sem limites. Fomos talhadas para dar tudo e, esperando sempre algo em troca - porque amor com amor se paga - morremos sentadas na cadeira desconfortável do esquecimento. Temos a mania de dar tudo de nós, toda a nossa essência, e depois não nos retribuem... E é por isso que as mulheres são umas apaixonadas constantes, umas românticas de génese e às quais chamam de seres inferiores de quando a quando: calúnia! Podemos não ser uma reencarnação da Virgem Maria, mas também não somos uma personificação de nenhum tapete de entrada. Não podem fazer o que querem de nós... Mas é hábito. Usam-nos uma vez como se fôssemos um mísero lenço de papel no meio de um pacote com tantos outros e deitam-nos fora; e assim o fazem com muitos dos outros. Apesar de, depois de espezinhadas e termos visto um dos filmes da saga Despedida Sem o Adeus, nos deixarem abandonadas no bando do jardim das traseiras, vamo-nos mantendo inteiras.
Ainda existem aquelas a quem  os homens olham como se fossem um deles. A amiga do peito, que supostamente vai estar sempre ali aconteça o que acontecer e a qual pode tratar da maneira que lhe apetecer porque ela, em tempo algum, vai embora. Outra mentira. Nós não somos de ferro e muito menos temos músculos mais fortes nos braços do que o próprio coração. Não queremos ser tratadas como os amigos do sábado à noite e não conseguimos encarar tudo o que nos dizem com uma cara satisfeita. Como é possível ver de forma bem carregadas, temos sentimentos. E os meus, pelos menos, ferem-se facilmente: principalmente quando ao longo do tempo vou engolindo cada vez mais sapos por causa de um único sapo (que coisa mais poética de ser dizer!), havendo com certeza uns mil e um príncipes perto de mim à espera que eu os abrace com o olhar; ou não. Mas não importa.
O nosso maior problema é que quando temos a nossa vida para alguém, esquecemo-nos de todos os outros. E estando completamente enterradas por esse sentimento, não olhamos à volta, não conseguimos enxergar a realidade e compreender que, esta vida de "compincha" de fim-de-semana sem sentimentos, não é para nós. Apesar de nem todos os homens serem assim, será tempo para a revolta?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

fallen in your ghost arms

Senti-me desolada e frustrada quando me apercebi que já não havia mais nada a fazer em relação a nós. Essa palavra, nós, nunca ia ser mais do que um par de pessoas que conversam na maioria das vezes sem fazer sentido, e que partilham uma amizade a que posso dar o adjetivo de estranha; apesar de ter tentado praticamente de tudo, nós nunca ia ser o sinónimo de dois seres que caminham lado a lado, não de mão dada literalmente, mas com os corações entrelaçados - apercebo-me agora, que não chegámos nem perto disso. Durante muito tempo estive cega - mas não nego continuar a está-lo - e achei que, juntos, podíamos ser tudo. Tinha esperanças que percebesses que somos perfeitos um para o outro (mesmo que isto soe a cliché), só que pelos vistos só eu é que conseguia compreender isso. Talvez porque não era verdade: mas no meu ente fazia sentido. E no momento em que escrevo estas palavras, elas continuam a fazer sentido, só que sei que não vale a pena. Os meus esforços nunca foram suficientes, e agora que praticamente me vou arrastando em vez de dar passos em frente, muito menos consigo o que quero. Ou queria? Ou quero? Não sei. Já não sei de nada. Sinceramente, acho que nunca soube - se tudo o que eu ansiava não tinha bases, tudo o que imaginei não foi mais do que outro mero capítulo nesta minha história onde o final ainda está longe.
Assim, deixo-me a dançar nesta corda-bamba, esperando um dia acordar e ter esquecido tudo. Por completo.
Eu própria já não faço sentido

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

stuck in my own voice


É difícil dizer que se tem saudades quando sentimos que estamos a falar para uma parede. Ou melhor, escrever. É difícil soprar todos estes vocábulos para aqui, de forma desordenada - num tanto te quero perto, como bem longe -, tendo a certeza que a pessoa a quem muitos deles são dirigidos não se dá sequer ao trabalho de vir visitar o meu cantinho. Onde, se tivesse prestado atenção aos pormenores enquanto a nossa talvez relação ainda não se tinha afogado no imenso oceano de dúvidas, podia saber exatamente como me sinto em relação a ele. Em relação ao que agora não existe.
Porque é que esperamos sempre tanto das pessoas? Não compreendo. Sinto que estou sempre a batalhar no mesmo assunto, e isso deve-se às constantes desilusões que me dão. Tu foste uma delas. E a cada dia que passa, vou sentindo que não vale mesmo a pena continuar a permitir que a tua imagem me assombre a mente... Preciso de te deixar ir. Para ser sincera, isso já me pareceu bem mais difícil: na realidade, acho que é sempre assim; quando ainda sentimos o nosso órgãozinho propulsor capaz de nos sair do peito, e ele próprio chegar à beira do maldito e dar-lhe um valente pontapé, tudo nos parece impossível. 
Grades invisíveis estendem-se à nossa volta e impedem-nos de fugir do sentimento, perfuram-nos, deitam-nos abaixo, riem-se de nós. Não dá para explicar quando tudo o que vivemos tem uma maior importância do que isso. É verdade que, em tempos, não me saía da cabeça. Mas agora, o meu cérebro deve ser ocupado por outros assuntos. De quando a quando, cai-me tudo... Ponho-me a magicar sobre o que não devo, e de repente sinto um turbilhão imenso de sentimentos contraditórios - entre eles saudade, desprezo, desilusão e uma leve paixão - que me faz querer deitá-los cá para fora sem sequer olhar para trás. Mas como se trata de algo que não é possível, fica cá dentro, no meu ente, onde os locais ocupados com cicatrizes são mais extensos do que os sãos. Imaginemos uma bola de neve... É tal e qual. Vou acumulando tudo e, ao longo da descida pela montanha, a bola vai aumentando... Até que não há mais montanha. No meu caso, até que não há mais força.
Sem eu dar conta, todos aqueles sentimentos que me iam martirizando aos poucos estão-me a escorrer pelos olhos, pelos poros, pelo coração; tudo o que eu sou grita de agonia, e a coragem que antes eu tentava mostrar perante os que estão de fora fugiu sem deixar rasto. E o que eu devia fazer deveria ser, igualmente, fugir. Mas não é daqui. É do que ainda sinto.