segunda-feira, 9 de março de 2015

"Depois da despedida...

                

               Tenho saudades tuas. Infelizmente não posso mentir a mim própria e dizer o contrário. É impossível tentar mentalizar-me dessa (ir)realidade quando a cada passo que dás para mais perto de mim, o meu peito rebenta de saudades tuas; não são daquelas de quem está longe e de quem já não se toca há muito tempo. É certo que o toque mudou. O tipo de distância alterou-se. Mas as circunstâncias não são as mesmas e, por isso, tenho saudades tuas. Daquele tipo que nos faz querer abrir o estômago e assassinar todas as borboletas, que nos leva a atirar ao precipício sem ter a certeza da existência de colchões que nos amparem, que nos obriga a mentir a nós próprios e a fazer-nos crer que ainda não acabou, que nos persuade a ser esperançosos quando já não existe mais nada a que nos possamos agarrar. É lixado ter saudades e não saber o que fazer. Ter necessidade de sacar da pistola e aponta-la à cabeça do objeto saudoso de maneira a que estas desapareçam para sempre e não magoem mais.
Pior que sentir falta de alguém, é sentir falta de algo. Sinceramente não sei se era um sentimento, se era uma necessidade. Mas era alguma coisa. E por muito que se pegue na borracha e se sente apagar as memórias, basta viajar para o mundo dos sonhos – que rapidamente passam a pesadelos. O inconsciente relembra-nos, o coração sente. Tudo volta.
                Ter saudades estraga tudo quando o que mais queremos é não as sentir. Ocupar o cérebro e ignorar aquilo que está escrito do lado esquerdo do peito não acontece a toda a hora. Renascem as saudades. A mágoa. Vale a pena?
                Não. Acho que não. Não sei.

                Sentir é assim: não saber de nada, e não saber se queremos saber. 



...fica o eco do Adeus"