Tenho saudades
tuas. Infelizmente não posso mentir a mim própria e dizer o contrário. É
impossível tentar mentalizar-me dessa (ir)realidade quando a cada passo que dás
para mais perto de mim, o meu peito rebenta de saudades tuas; não são daquelas
de quem está longe e de quem já não se toca há muito tempo. É certo que o toque
mudou. O tipo de distância alterou-se. Mas as circunstâncias não são as mesmas
e, por isso, tenho saudades tuas. Daquele tipo que nos faz querer abrir o
estômago e assassinar todas as borboletas, que nos leva a atirar ao precipício
sem ter a certeza da existência de colchões que nos amparem, que nos obriga a
mentir a nós próprios e a fazer-nos crer que ainda não acabou, que nos persuade
a ser esperançosos quando já não existe mais nada a que nos possamos agarrar. É
lixado ter saudades e não saber o que fazer. Ter necessidade de sacar da
pistola e aponta-la à cabeça do objeto saudoso de maneira a que estas
desapareçam para sempre e não magoem mais.
Pior que sentir falta de alguém, é sentir falta de
algo. Sinceramente não sei se era um sentimento, se era uma necessidade. Mas
era alguma coisa. E por muito que se pegue na borracha e se sente apagar as
memórias, basta viajar para o mundo dos sonhos – que rapidamente passam a
pesadelos. O inconsciente relembra-nos, o coração sente. Tudo volta.
Ter saudades
estraga tudo quando o que mais queremos é não as sentir. Ocupar o cérebro e
ignorar aquilo que está escrito do lado esquerdo do peito não acontece a toda a
hora. Renascem as saudades. A mágoa. Vale a pena?
Não. Acho que
não. Não sei.
Sentir é assim:
não saber de nada, e não saber se queremos saber.
...fica o eco do Adeus"
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