domingo, 8 de fevereiro de 2015

feeling's flake





Não te posso ir amando se o tempo vai passando. É possível que se faça uma bola de neve de sentimentos... E, ao longo da montanha, ela vá aumentando. Cada vez mais. Quanto mais eu vou diminuindo, sentindo-me cada vez mais pequena e ínfima, mais se agiganta esta bola de neve. Se ela transbordar, também eu transbordo com ela. Quanto mais tempo passar, mais as emoções me consomem. Ao destino, apraz-lhe adicionar esperanças em forma de fermento à bola já gigante.
São tantas as vezes que nos deixamos levar por aquilo que o vento nos sussurra ao ouvido, que são tantas as outras vezes que nos esquecemos de dar uma oportunidade ao nosso cérebro. É certo que sempre fui adepta de darmos atenção ao que nos transmite o órgão propulsor mas… e se?
Eles comunicam, mas não existe um contra balanceamento. Há sempre algum que tomará mais peso da nossa decisão que o outro e, desde que me conheço, que tem sido o dono do palpitar do lado esquerdo do peito a que tenho dado mais importância. Sentir tudo, de uma só vez. Arrepiar-me enquanto a minha bola sentimental passa por mim e me congela os ossos. Sentir a brisa fresca espalhar-se pelos meus poros ao mesmo tempo que, para a contrariar, o coração espalha calor pelo meu corpo: é por isso que continuo. Sã. Em pé. Com força.
E se, quando queremos tomar decisões só de alma e coração, quando a nossa maior vontade é seguir aquilo que ele nos diz – ainda que pareça loucura – e é o nosso cérebro que tem toda a razão? E se o melhor é apanhar um trenó e perseguir a bola antes que ela fique maior e leve todo o nosso eu para fora do planeta? Por vezes, temos de tomar decisões que vão contra a nossa vontade. Devemos nadar contra a maré e correr contra o vento. Mesmo que doa. Mesmo que custe. Por vezes, temos de pensar no nosso bem-estar mental e não nos aventurarmos nesse iglô que é o amor. É difícil adaptarmo-nos ao frio mas, se entrarmos no iglô e simpatizarmos com os esquimós, passamos a fazer parte da sua comunidade. Transformamo-nos nos enamorados que usam casacos de pêlo feitos de paixão e se alimentam do dar e receber. Passamos a conhecer o amor depois de atravessarmos a tempestade. Mas nem toda a gente é capaz de as ultrapassar – umas são mais complicadas que outras. Há que ir fazendo pausas pelo caminho, e tentar descansar.

Mas não quer dizer que a bola de sentimentos não continue a descer a montanha. Por mais cordas a que a tenhamos prendido para que ela não se mova, não há nada que nos faça parar de amar. Não há nada que impeça a bola por muito tempo de continuar a descer a montanha. De amar. De transbordar. Por mais que se pense, também se ama.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

The Revolt

                

                Não vale a pena continuar a imaginar e sonhar com contos de fadas porque a sua resolução é óbvia: o príncipe (des)encantado vem atrás de nós e, enquanto nos beija o pescoço e nos sussurra palavras de amor, espeta-nos uma faca nas costas e roda-a. 
                Não vale a pena continuar a esconder palavras que escrevemos nas horas vagas da noite só porque temos medo que sejam mal interpretadas – provavelmente não irão ter consequências positivas, então, não desperdicemos os nossos dedos no teclado e mostremos ao mundo aquilo que sentimos. Seja o que Deus quiser.
                As expetativas, guardem-nas no bolso do coração do vosso casaco preferido. Depois tirem o casaco, ateiem-lhe fogo e fiquem a observar o vosso sofrimento a esvoaçar nas chamas e na cinza. No final da fogueira, dancem em cima dela: sintam-se livres, esperançosas, sintam-se vocês, sintam amor.
                Não vale a pena esperar. Se as coisas voltam, não voltam as mesmas. Antes de retornarem, deram a volta ao mundo em oitenta dias (ou um pouco mais), pensaram, sentiram falta, viram coisas novas e, pouco a pouco, as células da sua pele deixaram de ser as mesmas. Aquelas mãos, nunca tocamos. Aquele olhar, deixamos de conhecer. Aqueles lábios… esquecemo-nos do sabor. Aquela pessoa, parece-nos a mesma. Mas será?
                Há quem diga que a negação é uma das fases do sarar da ferida. Eu não sei, mas sinto-a todos os dias. Relativamente a tudo. Por isso, karma, se me estás a ouvir… Estás a precisar de ir para a reforma. E contigo, leva o cupido. Creio que precisa de ir ao oftalmologista. Ou então… se me estão a dar maus sinais, resolvam-nos a tempo de eu não auto-degolar o meu coração. Um sinal qualquer. Algo que me diga “calma, não é desta!”; porque se assim for, eu sento-me na cadeira da sala com uma chávena de chá e, não querendo descredibilizar aquilo que disse anteriormente, espero.
                Porque nós somos assim. Dizemos tudo e mais alguma coisa, queremos andar à porrada, queremos sangue, suor e lágrimas mas, no final, só queremos amor.