segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

time after time

Às vezes dou para mim a olhar para trás mais do que devia. Sem querer, ponho-me a contar o tempo que me resta pelos dedos das mãos. Olho demasiado para o fundo do túnel, que me parece demasiado longe para ter sido realidade.
Tenho medo dos segundos que deixo passar sem fazer nada. E se tenho medo de coisas tão míseras que o são, que se há-de dizer dos dias, dos meses, dos anos?
Na minha opinião, o tempo está a passar depressa. Depressa demais, para meu gosto. É do meu costume dizer «qualquer dia estou cheia de rugas». É uma bela hipérbole, que não deixa de ser verdade. Mas, há um senão: se na minha idade eu acho que os dias estão a passar de rajada, que hei-de eu dizer quando tiver mais quarenta anos em cima? E cinquenta? Pois, aí nem vou arranjar um momento para conseguir olhar para trás e sorrir. E porquê? Vou sentir que não fiz nada do que queria enquanto era tempo. Mas neste momento, que é o tempo de que falo, sinto que isso me é impossível. E isso aflige-me. Passo o tempo com medo que o tempo passe, enquanto que devia aproveitar o talvez pouco tempo que me resta. Ninguém sabe quando chega a sua hora.
E daqui a muito tempo que até pode nem ser tanto quanto isso, eu vou ter vontade de me atirar do elevador que me sobe nos anos e voltar atrás. Vou querer refazer o que neste momento estou a fazer. E não devia pensar que estou a dar o meu melhor?
Seja o que for, a vida é isso. A vida é simplesmente tempo. Tempo que muitas vezes deitamos ar, qual criança que cospe a sopa só para irritar a sua mãe, sem pensar que existem tantas pessoas que precisavam desse desperdício de comida... e de tempo. Não há tantos que estão às portas da morte em camas de hospital e que só queriam ter mais uns segundos para dizerem aos seus que os amam? Também tenho medo disso. De não conseguir dizer coisas que quero a tempo.
Tempo, tempo, tempo...
São páginas da nossa vida, muitas em branco, outras rabiscadas, e ainda outras por escrever num futuro próximo.

sábado, 22 de janeiro de 2011

algo

Rouba-me o poder de me manter de pé sem te ter por perto e leva-me a dar uma volta por um infinito inconstante. Leva-me a contemplar o horizonte em tons de rosa e a ver as estrelas. Entrelaça os teus dedos nos meus, devagar, de forma a afagar toda a minha mão. Beija-me a nuca e enrola-me o cabelo. Aperta-me a mão novamente, num gesto brusco. Logo a seguir, encosta os teus doces lábios no meu ouvido e respira, apenas.
Depois, deixa-me só encostar a minha cabeça no teu ombro, fechar os olhos, e tentar acordar deste sonho. Que me parece demasiado real. E isso é bom.

domingo, 16 de janeiro de 2011

tu

És uma autêntica obra de arte, meu amor.
Os teus pormenores, as mais ínfimas e banais características. Num completo todo, sem tirar absolutamente nada. Se tivesses menos um bocadinho de ti, não serias a minha grande inspiração.
Imagina que te tiravam a cor que hoje te governa os olhos... Reconheceria-te, mas já não serias tu.
Pintava-te num quadro se a pintura fosse o meu forte, captava os teus melhores momentos - que nunca mais vou recuperar - se tivesse aptidão para a fotografia. Mas, como tenho queda para as letras, falo em praticamente todas as minhas páginas sobre ti.
Tens uma maneira de olhar só tua, uma maneira de falar, de de andar, de sorrir, de rir... só e apenas tua. E é essa tua forma de de encarar a vida que me cativa, que me dá assunto por estes lados. És como um monumento que vislumbro e me tira o fôlego, dando-me hipótese de o recuperar apenas quando vomito todas estas letras no papel.

(Devo um pedido de desculpas a todos os meus seguidores.
Não tenho dado a devida atenção ao blog, mas prometo que, quando tiver um pouco mais de paciência,
continuarei a comentar avidamente os vossos posts.
beijinhos para todos!)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

indefinição

O facto de o horizonte ser simplesmente lindo é um verdadeiro cliché. Quem é que ainda não contemplou completamente embasbacado - e sem dar por isso - aquilo que parece que podemos tocar ao esticarmos um dedo? Parece algo paranormal, que não pertence a este sítio onde vivemos. Está a modos que... deslocado. Achamos que já vimos de tudo desde que nascemos e, ao olharmos para a nossa frente, conseguimos esquecer. Esquecemos os nossos problemas, as nossas questões, dúvidas em relação à existência... Alguém carrega num botão do género autoclismo na nossa cabeça e esvaziamos, por completo.
É tão estranho parecer que o chão que calcamos consegue tocar o Céu. A ilusão de óptica é uma coisa fantástica, algo que nos ajuda a acreditar que ainda não vimos tudo o que tínhamos para ver.
Quando não me apetece respirar, deito-me numa cadeira de baloiço e olho para o além. Deixo-me descontrair e pensar que nada é tão mau quanto parece. Às vezes, por mera diversão, construo frases nas nuvens que vão passando por cima de mim (ou serei eu que passo por elas?). Rabisco a minha vida no Céu sem lápis nem papel. Simplesmente deixo a minha imaginação e o meu coração voarem, de mãos dadas.
Às vezes gostava de saber voar, apenas para provar a mim própria de que não consigo tocar naquele azul imenso. É irritante uma coisa tão bela estar mesmo acima de nós e ninguém ainda lhe ter tocado na forma em que a vemos. Por vezes é bom não acreditarmos no que a Ciência nos diz e pensarmos que realmente podemos fazer o impossível. E é tão bom ser criança.
Ao olhar para bem lá no alto, sinto-me dentro de um globo. Não de neve, mas de um ambiente tão ou mais agradável que esse. E só desejo que abanem este mundo à parte para poder tocar o Céu. Quero deliciar-me com as nuvens como se fossem algodão doce, e sentir a frescura de uma brisa a bater-me a cara e a tapar-me os ouvidos de tudo o resto. Quero saber segredos que só este além me possa contar. Quero conseguir juntar a doçura, a tranquilidade e o indefinido num só. Um mundo bem diferente deste, é o que quero.
Ou melhor... Quero viver para além do horizonte. No inexistente, no nada; no tudo. Um local apenas habitável por mim e pelos meus.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

far away

Os teus contornos já não me são nítidos e quando tento pensar em ti, (re)imaginar-te, as manchas distorcem-te as cores. Não te consigo distinguir os doces olhos de mel que tanto me são apetecíveis entre as sombras que vejo a taparem-te o corpo. Quando tento olhar para um pretérito mais do que passado que parece que foi mais longínquo do que tudo, sinto o teu toque como se me tivesse marcado a carne ontem. As cicatrizes continuam e tornam-se mais profundas a cada dia que passa, como se me queimassem com uma brasa incandescente no mesmo sítio, todos os dias. Nos meus sonhos sussurro por ti, e quando vejo que não apareces quando o que mais me apetece é voltar a abraçar-te, grito o teu nome em silêncio. Também lá não consigo perceber-te, mas tenho sempre a certeza que és tu. Quando alguém dá um empurrão à minha vida, tu reapareces por entre eles, como se voltasses para refazer a nossa história. Vejo-te no meio da multidão, o mais longe possível de mim. E no meio de tanto desfoque, és a única pessoa de quem me apercebo; e quando corro para te alcançar, desapareces. És como... uma corda que sobe quando lhe tento tocar, e quando desisto, desce, e assim sucessivamente.
Deixaste a tua carta de despedida no meu bolso - enquanto me beijavas - faz muito tempo. Não quero que venhas ter comigo de vez em quando, numa espécie de
vou ou não vou. Se queres ficar, fica. Mas se não queres, vai-te embora já.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

tudo por pouco

Sentei-me numa rocha no meio do nada e no meio de tudo. Tinha frio, é verdade, mas não iria sair dali. Enquanto as minhas pupilas não detectassem a proa do teu navio cujo nome ainda me era desconhecido, eu não sairia dali, fizesse chuva - que era o caso -, fizesse Sol. As cutículas da morrinha impregnavam-se entre os meus cabelos e desciam-me pelo pescoço, até ao fundo das costas. A blusa florida que me tinhas oferecido exactamente um mês antes, quando achávamos que a nossa vida estava nos conformes, estava completamente encharcada e colada ao meu corpo.
Mas mais do que frio, tinha eu medo. Medo que o mar se zangasse por tu estares zangado com a tua própria vida, e te engolisse num acto de soberba por não ser como tu. Pode ser fruto da minha imaginação, mas quando ia contigo para o mar, enquanto éramos meros amantes, no auge na nossa juventude, nos dias em que o nosso amor se via até por um pobre cego, o mar mostrava-se calmo e sereno, tal e qual como quando enchemos uma banheira de água até cima e nos deitamos nela e adormecemos, enquanto lhe absorvemos a temperatura e ela nem mexe um dedo. Mas nos poucos restantes dias em que as nossas almas eram atazanadas pela loucura do ciúme, eu tinha medo - tal como à dias - de te ver a partir para o mar; ele estava sempre furioso, talvez mais furioso do que o quanto tu estás contigo e com quem manda no universo. Na rádio ouviam-se vários relatos de pescadores e até tripulações inteiras desaparecidas. E, como dá para perceber, hoje é um desses dias. Ou melhor, já partiste há cerca de 2 dias e ainda não sei nada de ti. Em menos de um mês as contas amontoaram-se em cima da mesa do chá, e tu parece que, a cada envelope a mais que vias, mais estranho te tornavas, como se te aumentassem o volume do desespero num botão que não consigo ver.
Eu sei porque te preocupas tanto, é normal. Mas eu vou-te confessar uma coisa que antes nunca saiu da minha boca: eu não me importo de morrer à fome, desde que esteja de mãos dadas a ti. Não me importo. Não me importo que me hipotequem a casa e todos os restantes bens desde que possa ouvir a tua voz todos os dias. Podem até tirar-me toda a roupa do corpo, como queiram. Mas eu só preciso de uma única pessoa para conseguir ser feliz, e essa pessoa és tu. És o meu amor de sempre e para sempre, o Homem que me fez acreditar que não conseguimos controlar os sentimentos. Tenho saudades tuas e só passou este pouco tempo. Quem começa a ficar desesperada, sou eu.
É que sei agora que todas as minhas expectativas iniciais estavam certas...
Agora, atiro esta garrafa à água, cheia de pedras junto com a minha pequena carta, com esperança de que chegue ao fundo do oceano junto do teu navio e do teu corpo náufrago, inerte, e sem vida.
Mas que vou amar sempre.

domingo, 2 de janeiro de 2011

please, let me be free.

Estou embaraçada num enredo de teias que teceste em volta do meu corpo; não consigo mexer um único músculo. Enquanto eu estava adormecida ao sabor das tuas palavras que me adoçavam a boca como mais nenhumas conseguiriam, prendeste-me à tua alma. E agora, peço-te que me libertes. As tuas palavras tornaram-se ácidas, um sabor que me agoniza e me tira vontade de sentir o paladar.
Sei agora que os teus abraços nunca foram sentidos... Eram apenas uma forma de apalpar terreno para saber com o que terias de lidar no futuro. Ou melhor, uma forma de tirar as medidas para a teia que agora me corta a respiração.
Só queria saber porque é que fizeste toda a cortesia no início, em exagero, se o teu objectivo era este. Na realidade, não foste tu que me prendeste a ti. Foi o amor que nutro que o fez. E agora, achas que tens todos os louros. Mas não, desengana-te! Tudo isto é a prova de que as tuas técnicas tiveram resultados. Sim, é isso. Mas agora, eu amo-te não pelo que és. Amo-te pelo que foste e não voltarás a ser. Mostraste-me um lado teu - o teu lado amoroso, compreensível, que me derretia o coração e o fazia voltar a moldar-se quando os teus lábios me tocavam a face. Eras perfeito, digo-o com firmeza. Mas eu iludi-me. Julguei que tinha encontrado o que toda a gente no mundo procura... Agora percebo porque ninguém encontra - não existe. Toda a gente anda em busca de uma imagem criada pela escrita, pelo sonhar alto dos que vivem na Lua.
E agora, tudo o que te peço, mais uma vez, é que me libertes. Que me abras a porta e digas que estou melhor sem ti. Gostava que voltasses a ser o teu segundo lado e me compreendesses por uns segundos que fossem o tempo necessário para dar corda ao sapatinho e sair daqui. Queria que deixasses esse teu agora lado obscuro que te tirou o brilho dos olhos, a doçura da voz, a ternura do movimento, e voltasses. Mas não para ficar, porque em ti não acredito nunca mais.
Talvez eu tenha andado a um ritmo demasiado apressado para ti. Talvez eu tenha conseguido atravessar a ponte, e tu não. E por eu te ter deixado para trás, tu quiseste vingar o teu sentimento que (se calhar) nutrias por mim. Mas enfim, não entendo. Tornei-me a tua escrava, a aia dos teus problemas, o poço para o qual cospes para tentar tirar esse teu mau sabor na boca que sei que nunca desaparecerá. Foste para o lado negro, e nem com toda a minha força eu te conseguiria salvar para tomares outro caminho. Não o mesmo que eu, porque já estou bem longe. Mas ajudar-te-ia, com todo o gosto. Para isso, preciso que me libertes. Quero respirar, voltar a sentir o que é uma vida. Quero sorrir - ou melhor, rir, quero chorar por outro motivo senão por o que sinto por ti. Quero voltar a ser eu, mas quando ainda não te conhecia. Se toda essa obsessão é por me amares... Nunca ouviste a frase «se amas, deixa-o livre»? Põe-na em prática, por favor.
E não é que existem pessoas mesmo nesta situação?

sábado, 1 de janeiro de 2011

novo ano

Um novo ano começa hoje. Ainda não tive tempo para pensar no estado em que a minha vida se encontra, muito menos no futuro. Creio que talvez este seja um bom ano. Apesar das complicações que me esperam (em relação à escola e derivados desta), espero conseguir ultrapassá-lo sem um único arranhão. Não no coração, porque esse não se encontra no seu melhor estado e tão cedo não o atingirá, mas vais aguentado. Neste momento, estou muito feliz por ter conseguido recuperar uma das amizades mais importantes que tenho, e por ter folheado para um novo capítulo já com esse feito cumprido. Mas quando conseguimos uma coisa, queremos sempre evoluir e evoluir, cada vez mais e sem olhar a todos os meios. Tenho pena de que pessoas que eu amo mais que tudo no mundo não possam estar comigo, mas anseio que o destino seja próspero; e, além disso, não podemos ter tudo o que queremos, não é verdade?
Dá para perceber que as minhas condições de sensações são um pouco contraditórias (como foi possível ver no nono dia do último desafio que fiz). Sinto-me feliz em relação a algumas coisas, e em relação a outras... not at all.
Prometo que vou tentar dar o meu melhor em todos os aspectos, e vou tentar ultrapassar os obstáculos - que sei - que se avizinham. Não vale a pena ter medo de dias pelos quais em princípio teremos que passar, quer queiramos, quer não. Devemos levantar a cabeça e olhar em frente. Colocar toda a coragem que nos alivia o coração no olhar, sacudir os cabelos dos ombros, dar o nosso verdadeiro sorriso e pensar que
para a frente é que é caminho. Se algum dia cairmos em algum buraco armadilhado, teremos sempre pessoas que nos irão amparar a dor da queda - não a queda em si, porque essa só estará ao nosso próprio alcance. Pessoas que nos vão buscar um pano molhado para colocar na cabeça, uma ligadura para o joelho e pensos para tapar o sangue que nos escorre dos braços. Vão estar sempre lá, sei disso. E todas as vezes que lhes agradeci em toda a minha vida, não foram suficientes.
Para terminar, desejo a todos aqueles que por aqui passarem um óptimo 2011, e que este vos traga novos caminhos a percorrer e força para atingir os vossos objectivos. Felicidades!