quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

indefinição

O facto de o horizonte ser simplesmente lindo é um verdadeiro cliché. Quem é que ainda não contemplou completamente embasbacado - e sem dar por isso - aquilo que parece que podemos tocar ao esticarmos um dedo? Parece algo paranormal, que não pertence a este sítio onde vivemos. Está a modos que... deslocado. Achamos que já vimos de tudo desde que nascemos e, ao olharmos para a nossa frente, conseguimos esquecer. Esquecemos os nossos problemas, as nossas questões, dúvidas em relação à existência... Alguém carrega num botão do género autoclismo na nossa cabeça e esvaziamos, por completo.
É tão estranho parecer que o chão que calcamos consegue tocar o Céu. A ilusão de óptica é uma coisa fantástica, algo que nos ajuda a acreditar que ainda não vimos tudo o que tínhamos para ver.
Quando não me apetece respirar, deito-me numa cadeira de baloiço e olho para o além. Deixo-me descontrair e pensar que nada é tão mau quanto parece. Às vezes, por mera diversão, construo frases nas nuvens que vão passando por cima de mim (ou serei eu que passo por elas?). Rabisco a minha vida no Céu sem lápis nem papel. Simplesmente deixo a minha imaginação e o meu coração voarem, de mãos dadas.
Às vezes gostava de saber voar, apenas para provar a mim própria de que não consigo tocar naquele azul imenso. É irritante uma coisa tão bela estar mesmo acima de nós e ninguém ainda lhe ter tocado na forma em que a vemos. Por vezes é bom não acreditarmos no que a Ciência nos diz e pensarmos que realmente podemos fazer o impossível. E é tão bom ser criança.
Ao olhar para bem lá no alto, sinto-me dentro de um globo. Não de neve, mas de um ambiente tão ou mais agradável que esse. E só desejo que abanem este mundo à parte para poder tocar o Céu. Quero deliciar-me com as nuvens como se fossem algodão doce, e sentir a frescura de uma brisa a bater-me a cara e a tapar-me os ouvidos de tudo o resto. Quero saber segredos que só este além me possa contar. Quero conseguir juntar a doçura, a tranquilidade e o indefinido num só. Um mundo bem diferente deste, é o que quero.
Ou melhor... Quero viver para além do horizonte. No inexistente, no nada; no tudo. Um local apenas habitável por mim e pelos meus.

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