domingo, 29 de novembro de 2009


estava a chover, e eu estava deitada na cama com o rádio ligado. estava a olhar pela janela, era tarde. estava escuro, e a música abafava os meus pensamentos. não valeria a pena pensar em nada nem em ninguém, deveria ser um momento meu e só meu. uma nostalgia invadiu-me, e eu só queria adormecer para ultrapassar tudo aquilo. apetecia-me sair de casa a correr e ir até ti, raptar-te e trazer-te para minha casa, e fazer-te prometer que nunca me deixarias. já to disse antes, que algum dia enquanto dormias eu iria aparecer no teu quarto, meter-te dentro do meu saco, e nunca mais ninguém te veria, porque ficarias comigo para sempre. e qualquer dia, fá-lo-ei mesmo. não existe ninguém que me impeça, e tu queres que eu te rapte também, porque existe uma grande telepatia entre nós. "és linda" é algo que ouço de ti todos os dias, sabes mentir tão bem. a minha resposta é sempre "tu é que és" e digo-te isto porque é uma verdade pura. quero ficar contigo para sempre meu amor, queres também?

acabo de escrever este texto, e uma mensagem tua acaba de invadir a minha caixa de entrada, bom dia amor.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

existência


Gostava que pudesses morar ao meu lado sem saberes da minha existência. Poder ver da janela do meu quarto a luz do teu desligar-se, e assim saber que ias dormir, que ias partir para outro mundo por umas horas. Podia acompanhar-te. Podia todas as manhãs ver-te sentado à varanda a olhar o sol – os teus olhos brilhavam sempre, brilhavam muito -ver-te cortar a relva, ver-te andar de bicicleta a dar voltas e voltas num mesmo círculo. Podia saber quando saías, quando voltavas, quanto tempo demoravas. Podia ver onde estavas de vez em quando, tudo apenas da janela do meu quarto. Apenas saber como era a tua vida me bastava. Não fazer parte dela? Importava-me, mas nunca tinha havido oportunidade de me encaixar na tua rotina, passo o dia a olhar pela janela para saber onde andas, como estás. Às vezes vejo-te chorar, não sei porquê, mas sei que te dói muito o coração. Sei que és lindo por dentro sem nunca ter falado contigo, sei quando estás feliz, sei quando estás angustiado. Conheço-te melhor do que ninguém, e tu não o sabes. Sabes que vive uma menina na casa da frente mas não sabes como se chama, não sabes de que família é, não sabes a sua idade, não sabes nada de nada sobre ela. À uns dias que te vejo rondar o meu lar, parece que a curiosidade despertou em ti, pois nunca vês ninguém cá fora, mas sabes que vive aqui gente. Vês o meu pai a ir buscar o pão, vês a minha mãe sair para fazer compras, mas nunca me vês no jardim. Nunca me olhaste. Sou só, estou sempre no meu quarto – o meu refúgio. E tu estás assim, a tentar encontrar-me, sem eu poder mostrar-me. Escondo-me também, não quero nunca que me vejas, gosto do mistério. Sei que se algum dia me vires eu serei invisível aos teus olhos, pois os teus olhos apenas vêm a pureza, e eu já cometi erros inexplicáveis, e o que tu tanto queres ver, nunca verás. Podia até sair de casa e mostrar-me bem à tua frente que não me verias. Eu queria e quero, porque te amo em silêncio, mas as minhas palavras são silenciadas pelo som do erro e a minha respiração ao lado do teu pescoço seria abafada pelas correntes que nos separam. Podia segurar-te na mão com todas as forças que pudesse, mas tu não sentirias. Um dia estava à janela a olhar-te a rondar a minha casa, olhaste para mim, mas eu sabia que não me vias, mas mesmo assim… continuaste a olhar. Foste bater à porta, chamaste por alguém da casa, mas ninguém te abriu a porta. Algo mudou, podias-me ver, mas eu não queria entrar na tua vida, apesar de já o ter feito sem intenção, por mero acaso. Mas não te queria fazer sofrer, por isso não me verás mais, não saberás mais nada de mim. Vou-me esconder dos teus olhos e afundar-me no meu mar de medos e receios. Embrulhar-me-ei em lençóis de infelicidade e fechar-me-ei entre correntes do desespero. Parte de mim deseja que me vejas, mas a outra parte sabe bem que não podes. Por isso nunca mais colocarás os teus olhos sobre a minha pele, pois a tua segurança e felicidade dependem de mim, e das minhas escolhas em relação a entrar na tua vida por vontade própria. Escrevia-te uma carta, mas assim saberias que queria contactar-te. Portanto, adeus, fechei-me como uma concha e atirei-me para o fundo do mar. antigo*
(estou mesmo feliz. acho que não há noção alguma para o que sinto. parece que me livrei de todos aqueles males que teimavam em dar-me as mãos, parece que todos os meus pontos fracos agora tornaram-se em algo distante, parece que os meus pequeninos erros se tornaram num zero, num nada. acho que nem consigo explicar a felicidade que sinto, não consigo. senti-me tão bem.)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

sonho ou pesadelo?


não é que seja uma obcecada por ti. na verdade, acho que vivo em tua função mas nem dou conta disso. o problema não é não ter quem me dê atenção, carinho e amor, o problema é que parece que apenas tu consegues preencher o que falta de mim. mas desde o dia em que percebi que a única relação que querias ter comigo era amizade, tudo se desmoronou. as esperanças afogaram-se todas neste meu oceano, e tu, seguiste a tua vida. enquanto eu te ignorava, tu questionavas-te porque eu o fazia. mas parece que já tens as tuas respostas, e por isso agora... ignoras-me a mim. é que parece que tudo o que me dizias, todas as coisas me fazias, era por algo mais. mas enganei-me. não é que a tua amizade não me baste, mas sempre pensei que houvesse algo mais. porque tu és diferente.

desta noite lembro-me de muito pouco, mas ainda tenho aquelas imagens na minha cabeça. pegaste nas minhas mãos, e puxaste-me para um sítio qualquer. a única coisa que sei, é que me sentia lindamente. juro que parecia mesmo que me estavas a tocar, as tuas mãos contra as minhas. foi tão... nem consigo explicar.
foi impressionante.
ias-me dizer algo, mas o que sonhamos facilmente esquecemos. e normalmente eu apenas consigo lembrar o que mais me marca. outra passagem desta minha noite foi ouvir-te sussurrar no meu ouvido "gosto de ti" e acordei de repente. e sabes? tenho a sensação de que era mesmo a tua voz. acho que isto foi demais para mim. não sou forte o suficiente para ultrapassar estas minhas coisas, e ver-te a cada dia que passa magoa-me ainda mais, porque sempre que passo por ti tenho uma enorme vontade de te abraçar e de nunca mais te deixar a ti e à tua forma de viver.
resultado deste sonho/pesadelo: uma manhã repleta de dores de cabeça, e ficar sem saber o que fazer.

domingo, 15 de novembro de 2009

agora, quero que vás embora


hoje sei que não vais voltar para casa.
hoje sei que não vale a pena esperar por ti na minha cadeira de baloiço, que não vale a pena ir lá para fora olhar o luar e perguntar-me onde andas, porque hoje, sei que não vais voltar. e para ter a certeza de que nunca mais entras na minha casa, apesar da grande dor que isso me traz vou fechar a porta à chave e vou escondê-la debaixo do tapete da sala.
amanhã cedo, vou pegar no nosso colchão, nas tuas roupas, nas tuas cartas, nas minhas memórias e vou queimá-las. quero deixá-las bem no passado que é ainda o hoje. e porque te foste embora, quero-me ir embora também, porque tudo isto tem um bocadinho de ti, um bocadinho do que foste para mim. por não voltares hoje para casa, é que não te quero mais ver, não quero saber mais de ti. por não voltares hoje para casa, é que eu vou também desaparecer, e não voltar mais a casa. de que vale ficar neste álbum de memórias que apenas me trouxe desilusões contínuas? de que vale continuar neste caminho, que mais parece um carrossel sem fim? de que vale esse sofrimento? neste momento nem sequer te lembras que existo, e que tenho uma dor incessante no meu peito sem poder ser dissolvida nesse sorriso que ficou sempre no meu olhar. e sei que no fim de tudo isto, quando partir, o meu destino vai ser seguir o rasto de mais outra página de mágoa na minha vida. mas que seria da vida se não houvesse dor? a dor torna-me mais forte. e por isso, vou-me atirar ao riacho, e sentir o seu sabor doce, sentir os peixes contra os meus pés, e nadar na água gelada. quando de lá sair, encharcada, a tremer, saberei que estás por perto, porque sei que te dá uma dor no teu peito quando sentes que estou mal. mas quando voltares, irei-te mandar embora, porque hoje, não vais voltar para casa, então amanhã eu não quererei saber de ti.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

cavaleiro andante


Porque foges de mim? A porta do meu abrigo ainda está entreaberta para ti, à espera de ouvir os teus passos pesados e tristes de cavaleiro que acaba de chegar de uma derrota. Quando abrires a porta saberás que continuo sentada no sofá à tua espera, e que quando te vir sorrirei – pois apenas consigo sorrir quando olho para ti. A espera pelo teu regresso foi longa, mas não significará nada quando voltares ao meu abrigo e devolveres-me o meu coração, que te ofereci na tua partida para te sentires protegido, para estares perto de mim. Mas agora habituaste-te à sua presença e não mo queres devolver. Além de triste, és um cavaleiro salteador, pois para ti o meu coração foi o teu mais fácil assalto, não foi? Dei-to de bandeja. A minha ingenuidade foi tua cúmplice. Mas ela voltou para se redimir. Porque não voltas também? Ao meu lado no sofá ainda está o teu lugar vazio, à espera que o venhas ocupar nas noites frias e chuvosas, em que me sinto só, e que sinto a tua falta. Sento-me sempre ao lado do teu lugar, uma das únicas marcas que deixaste foi aquela grande mancha de café mesmo onde te sentas. És um grande desastrado, sabias? Mas eu gosto de ti assim, dessa tua forma de ser. E por isso mesmo é que te quero aqui, ao meu lado! Volta depressa.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

i'm here


gostava que sentisses algo sempre que pensasse em ti. gostava que pudesses saber que a minha alma voa sempre para perto para tomar conta de ti. gostava que soubesses que este texto é para ti, e exclusivamente para ti. para ti.
leva-me contigo, leva-me dentro do teu punho como quem guarda a última moeda; leva-me no teu bolso bem fechado como se fosse a tua preciosidade. leva-me de qualquer uma maneira, mas leva-me. leva-me para longe mas para junto do teu peito. foge comigo, com as tuas mãos dadas às minhas. esconde-me de toda gente para eu ser apenas tua. guarda-me num cantinho só teu e visita-me de segundo a segundo. olha-me nos olhos mais uma e outra vez. olha bem para os meus olhos, o que te dizem eles? "leva-me contigo"
abraça-me duma forma apertada como se nunca me fosses deixar (e, não me deixes mesmo). dá-me um abraço do tamanho do mundo, e daqueles como se fosse o último, sendo um dos primeiros. só quero realizar um sonho. fazes parte de mais um tema da minha mente, e não te vais embora. além disso, não quero. quero que fiques aqui, para sempre. enrola cada fio do meu cabelo entre os teus dedos, dá-me um beijo em cada canto da minha face. tenho um disfarce para não me reconheceres, mas tu já me sabes 'domar'. não és capaz de reconhecer a fera pelo seu rugido?


quando é que percebes que isto é para ti?