sábado, 17 de agosto de 2013

uma história, um olhar



Às vezes esqueço-me que sinto demasiado. Que absorvo todas as vibrações exteriores; tudo o que existe e, principalmente, tudo o que não existe. É uma mania minha, ver sentimentos e emoções onde eles não moram… Principalmente no que se refere a amores e desamores. Mas deixemo-nos disso.
Por vezes talvez não tome consciência dos meus atos. Apesar de me parecerem certos – e de o serem! – eu já devia estar habituada a que me dêem um pontapé, literalmente. Por mais cor-de-rosa e arco-íris que por míseros segundos o meu mundo se pareça, é só e apenas um flash. Um capítulo da minha vida do género dos epílogos dos livros – breve, escasso e resumido. Acho até que a minha vida tem sido assim, um acumular de epílogos sem fim. Poucos são os verdadeiros capítulos, com direito até a título e a uma imagem inicial, e que tenham mais de duas páginas. Mas mesmo esses não acabaram da mesma maneira: ou alguém arrancou a última folha, ou eu própria o fiz, doente de raiva por mais uma vez me roubarem a borracha e me impedirem de dar um novo final a mais ponto da minha vida.
Às vezes sinto-me capaz de olhar nos olhos das pessoas e sentir as suas vidas espalhadas na minha mente – por momentos, estava apta a escrever um livro sobre a história dessa pessoa, baseando-me no que estava por detrás do seu verde-oliva, do castanho-âmbar ou do azul-mar. Uma mistura de cores, uma só pessoa, uma história, mil enredos. Questiono-me: será que outra pessoa qualquer conseguiria fazer o mesmo ao olhar nos meus olhos? Ou simplesmente ficaria como eu, pasma com tantas vírgulas e pontos finais num único parágrafo?
Gostava de um dia poder teletransportar a minha alma para outro corpo e olhar para o meu. Para os meus enormes olhos verdes, e perceber o que transmito aos outros. E depois voltar a mim, e assim ser capaz de escrever um verdadeiro livro das minhas vivências, sem questões ou dúvidas. Uma história, uma pessoa, mil enredos.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

amar ou não amar? eis a questão



É triste e estranho quando achamos que não há ninguém lá fora para nós. Sempre fui forte crente no destino, em almas-gémeas e num futuro risonho com alguém do meu lado. Mas conforme o tempo foi passando, essa certeza foi-se dissipando; onde anda a minha alma-gémea ou, se ela não existir, onde andará a peça do puzzle que condiz exatamente comigo? Não existe ninguém que seja completamente perfeito para nós, porque nós já temos o que se pode chamar de defeito de fabrico: sentimos em demasia. Amamos avida e loucamente, odiamos sem limites, sentimos saudades que nos desfazem o coração, entramos em fase de tristeza melancólica que se aproxima a uma deprimência momentânea. Desde que nascemos que já devíamos estar para isso preparados – mas não é assim que somos educados. Sempre nos dizem que um dia vamos casar, constituir família e ser muito felizes… Mas, e se nunca acharmos alguém que nos dê o devido valor? Ou se simplesmente não aparecer ninguém que tenha capacidade de nos amar? Como é que havemos de explicar ao nosso cérebro, à nossa bomba-relógio no peito e às nossas esperanças e planos, que simplesmente não vai acontecer? Não há maneira de fazermos compreender a nós próprios que o nosso destino é viver sozinhos numa casa pouco assolhada, com vista para a cidade, uma estante cheia de livros, uma prateleira no armário atoalhada de pacotes de chá e cinco gatos. Não é que isso seja mau de todo… Até podemos ser felizes, não precisamos de alguém para tal.
Já desde bem novos que imaginamos como será aquela pessoa com quem vamos para o altar. Falando por mim, sempre quis vestir um enorme vestido branco, colocar uma coroa de flores na cabeça e subir todas as escadas da igreja, pé ante pé, imaginando que aquela pessoa que estaria a esperar-me lá no fundo seria aquela que me fazia realmente, puramente e verdadeiramente feliz, tal qual uma criança com a sua guloseima favorita. E o que melhor pode alimentar uma romântica assumida que um desejo como este? Amar faz parte de mim. E mesmo que nunca ache reciprocidade verdadeira, eu vou sempre amar. Não sei viver sem isso. De qualquer das formas, mesmo uma pessoa como eu gostava de algum dia voltar a amar como amou outrora alguém que desapareceu por completo da sua vida. Uma pessoa que mudou e que provavelmente não voltarei a ver na vida. Só queria isso: voltar a amar como te amei a ti. E, se for possível, que essa pessoa sinta o mesmo. Nada melhor do que tornar todos os meus anseios, realidade.