Não te posso
ir amando se o tempo vai passando. É possível que se faça uma bola de neve de
sentimentos... E, ao longo da montanha, ela vá aumentando. Cada vez mais. Quanto
mais eu vou diminuindo, sentindo-me cada vez mais pequena e ínfima, mais se
agiganta esta bola de neve. Se ela transbordar, também eu transbordo com ela.
Quanto mais tempo passar, mais as emoções me consomem. Ao destino, apraz-lhe
adicionar esperanças em forma de fermento à bola já gigante.
São tantas as
vezes que nos deixamos levar por aquilo que o vento nos sussurra ao ouvido, que
são tantas as outras vezes que nos esquecemos de dar uma oportunidade ao nosso
cérebro. É certo que sempre fui adepta de darmos atenção ao que nos transmite o
órgão propulsor mas… e se?
Eles
comunicam, mas não existe um contra balanceamento. Há sempre algum que tomará
mais peso da nossa decisão que o outro e, desde que me conheço, que tem sido o
dono do palpitar do lado esquerdo do peito a que tenho dado mais importância.
Sentir tudo, de uma só vez. Arrepiar-me enquanto a minha bola sentimental passa
por mim e me congela os ossos. Sentir a brisa fresca espalhar-se pelos meus
poros ao mesmo tempo que, para a contrariar, o coração espalha calor pelo meu
corpo: é por isso que continuo. Sã. Em pé. Com força.
E se, quando
queremos tomar decisões só de alma e coração, quando a nossa maior vontade é
seguir aquilo que ele nos diz – ainda que pareça loucura – e é o nosso cérebro
que tem toda a razão? E se o melhor é apanhar um trenó e perseguir a bola antes
que ela fique maior e leve todo o nosso eu
para fora do planeta? Por vezes, temos de tomar decisões que vão contra a nossa
vontade. Devemos nadar contra a maré e correr contra o vento. Mesmo que doa.
Mesmo que custe. Por vezes, temos de pensar no nosso bem-estar mental e não nos
aventurarmos nesse iglô que é o amor. É difícil adaptarmo-nos ao frio mas, se
entrarmos no iglô e simpatizarmos com os esquimós, passamos a fazer parte da
sua comunidade. Transformamo-nos nos enamorados que usam casacos de pêlo feitos
de paixão e se alimentam do dar e receber.
Passamos a conhecer o amor depois de atravessarmos a tempestade. Mas nem toda a
gente é capaz de as ultrapassar – umas são mais complicadas que outras. Há que
ir fazendo pausas pelo caminho, e tentar descansar.
Mas não quer
dizer que a bola de sentimentos não continue a descer a montanha. Por mais
cordas a que a tenhamos prendido para que ela não se mova, não há nada que nos
faça parar de amar. Não há nada que
impeça a bola por muito tempo de continuar
a descer a montanha. De amar. De transbordar. Por mais que se pense, também se
ama.
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