terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

The Revolt

                

                Não vale a pena continuar a imaginar e sonhar com contos de fadas porque a sua resolução é óbvia: o príncipe (des)encantado vem atrás de nós e, enquanto nos beija o pescoço e nos sussurra palavras de amor, espeta-nos uma faca nas costas e roda-a. 
                Não vale a pena continuar a esconder palavras que escrevemos nas horas vagas da noite só porque temos medo que sejam mal interpretadas – provavelmente não irão ter consequências positivas, então, não desperdicemos os nossos dedos no teclado e mostremos ao mundo aquilo que sentimos. Seja o que Deus quiser.
                As expetativas, guardem-nas no bolso do coração do vosso casaco preferido. Depois tirem o casaco, ateiem-lhe fogo e fiquem a observar o vosso sofrimento a esvoaçar nas chamas e na cinza. No final da fogueira, dancem em cima dela: sintam-se livres, esperançosas, sintam-se vocês, sintam amor.
                Não vale a pena esperar. Se as coisas voltam, não voltam as mesmas. Antes de retornarem, deram a volta ao mundo em oitenta dias (ou um pouco mais), pensaram, sentiram falta, viram coisas novas e, pouco a pouco, as células da sua pele deixaram de ser as mesmas. Aquelas mãos, nunca tocamos. Aquele olhar, deixamos de conhecer. Aqueles lábios… esquecemo-nos do sabor. Aquela pessoa, parece-nos a mesma. Mas será?
                Há quem diga que a negação é uma das fases do sarar da ferida. Eu não sei, mas sinto-a todos os dias. Relativamente a tudo. Por isso, karma, se me estás a ouvir… Estás a precisar de ir para a reforma. E contigo, leva o cupido. Creio que precisa de ir ao oftalmologista. Ou então… se me estão a dar maus sinais, resolvam-nos a tempo de eu não auto-degolar o meu coração. Um sinal qualquer. Algo que me diga “calma, não é desta!”; porque se assim for, eu sento-me na cadeira da sala com uma chávena de chá e, não querendo descredibilizar aquilo que disse anteriormente, espero.
                Porque nós somos assim. Dizemos tudo e mais alguma coisa, queremos andar à porrada, queremos sangue, suor e lágrimas mas, no final, só queremos amor.

1 comentário:

  1. E amor que é amor, leva a espera e (des)espera connosco.
    Calmamente ateia os fogos da tua alma, para recuperares pausadamente o sentimento profundo que tens em ti.

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