terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

alimentas-me a alma

Respiro profundamente... Engulo um gole de oxigénio como se fosse o último e fecho os olhos, sentido o sangue passar a mil à hora no meu coração. Está tudo bem, está tudo bem. Nada se perdeu naquela penumbra assombrada destes dias que se passaram. Tenho de ter coragem para continuar a caminhar e não deixar que as lágrimas que me passam agora pelo pescoço me tirem as forças!
Abro os olhos. Toda a gente está a sorrir para mim e a dar-me a mão, a empurrarem-me e ao mesmo tempo a puxarem-me para a frente. Dou-lhes a minha mão de forma reticente e sou como que chutada repentinamente - nem tive tempo para piscar os olhos! - para um lugar desconhecido, mas que me deixava feliz, transmitia-me boas vibrações e fazia-me relembrar bons momentos. Mas não entendia porquê. Passei as mãos pelo corpo, a certificar-me de que aquela viagem não me tinha roubado nenhum bocado e olhei o horizonte. Aquele sítio não tinha fim! E eu não sei como descrevê-lo. Era como um espaço íntimo, que sentimos ser só nosso, quando na verdade nunca lá estivemos. Talvez esteja a ter um déjà vu...
Deixo-me cair e fecho novamente os olhos... E sinto um cheiro que faz arrepiar cada pelo do meu corpo, dos pés à cabeça. Reconheço-o. De cada vez que o sinto, sinto a cabeça a andar à roda. É teu... 
Sei que devia levantar-me e certificar-me que não estou a endoidecer, mas talvez seja melhor viver assim este momento, na ilusão de que estás ali. Às vezes sabe bem sonhar, alimenta-nos a alma.
- Levanta-te! - ouço a tua voz e sinto-te a pegar-me na mão. Recuso-me a abrir os olhos e repito de mim para comigo que estou a sonhar. Mas continuo a ouvir-te vezes sem conta... Quando finalmente abro os olhos para o mundo em meu redor, para a vida em geral, reparo que afinal estou no meu quarto, em cima da minha cama, e a meio da noite. Oh, sonhar...

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