domingo, 19 de dezembro de 2010

um pouco de nós

«Rosie,
Vou regressar amanhã para Boston, mas antes de ir gostaria de te escrever esta carta. Todos os pensamentos e sentimentos que têm estado a borbulhar dentro de mim estão finalmente a transbordar desta caneta e estou a deixar-te esta carta para que não te sintas sob pressão. Compreendo que precisarás de tempo para pensar naquilo que vou agora dizer.
Compreendo o que se está a passar, Rosie. És a minha melhor amiga e consigo ver a tristeza nos teus olhos. Sei que o Greg não está fora durante o fim-de-semana para trabalhar. Nunca conseguiste mentir-me; sempre foste terrível nisso. Os teus olhos traem-te sempre. Não finjas que está tudo perfeito, porque eu vejo que não está. Vejo que o Greg é um homem egoísta que não faz a mínima ideia da sorte que tem, o que me deixa doente.
É o homem mais sortudo do mundo por te ter, Rosie, mas ele não te merece e tu mereces muito melhor.
Mereces alguém que te ame de todo o seu coração, alguém que pense em ti constantemente, alguém que passe todos os minutos de todos os dias simplesmente a pensar no que estarás a fazer, onde estarás, com quem estarás e se estarás bem. Precisas de alguém que te possa ajudar a concretizar os teus sonhos e que te possa proteger dos teus medos. Precisas de alguém que te trate com respeito, que adore tudo em ti, especialmente os teus defeitos. Devias estar com alguém que te possa fazer feliz, verdadeiramente feliz, feliz como se estivesses nas nuvens. Alguém que deveria ter aproveitado a oportunidade de ficar contigo há anos em vez de ter ficado assustado e com demasiado receio de tentar.
Já não estou assustado, Rosie. Não tenho receio de tentar. Sei qual era aquela sensação no teu casamento - era ciúme. O meu coração despedaçou-se quando vi a mulher que amo a virar-me as costas para sair da igreja com outro homem, um homem com quem ela planeou passar o resto da sua vida. Foi como uma sentença de prisão para mim - anos e anos sem que eu pudesse dizer-te o que sentia ou agarrar-te da forma que desejava.
Por duas vezes estivemos lado a lado no altar, Rosie. Duas vezes. E por duas vezes cometemos o mesmo erro. Eu precisava que estivesses ao meu lado no dia do meu casamento, mas fui demasiado estúpido para ver que queria que fosses a razão do meu casamento.
Nunca deveria ter deixado os meus lábios afastarem-se dos teus há tantos anos em Boston. Nunca devia ter-me afastado. Nunca devia ter entrado em pânico. Nunca devia ter desperdiçado estes anos todos sem ti. Dá-me uma oportunidade para te compensar. Eu amo-te, Rosie, e quero estar contigo, com a Katie e com o Josh. Para sempre.
Por favor, pensa nisto. Não desperdices o teu tempo com o Greg. Esta é a nossa oportunidade.
Vamos parar de ter medo e aproveitar. Prometo que te farei feliz.
Com todo o meu amor,
Alex»
Cecelia Ahern, em Para Sempre, Talvez

Esta carta não foi entregue ao seu destinatário. Talvez tudo tivesse mudado se ela chegasse às mãos de quem ama e não o diz. Será que as almas gémeas irão afastar-se sempre como dois lados opostos de um íman? Espero que não, porque isto faz-me lembrar muito. Demasiado, talvez.

11 comentários:

  1. é mesmo . e por mais que aconteçam coisas que nos afastem desse nosso primeiro amor, ha sempre o dia em que ele volta e volta sempre tao forte como quando partiu .

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  2. Que carta tão profunda, Fabiana* Realmente se esta mesma tivesse chegado às mãos de quem ama, talvez tudo tivesse mudado! Espero também que as almas gémeas nunca se afastem. Gostei muito*

    p.s: obrigada pelas tuas palavrinhas, grande escritora.

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  3. *.*
    mudaste o nome do teu blog, confesso que gostava mais do outro $:

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  4. É um bom site e muito fácil de trabalhar com ele :)

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