segunda-feira, 27 de junho de 2016

De cor



À tua volta surge uma penumbra de dúvidas, medos e desejos. Acima de tudo medos, mais importante que tudo desejos. Por mais que tentes dar ar de pouco importado, haverá sempre uma parte de ti que o desmente. Conheço-te e sei disso. Estás marcado nos caminhos que percorrem a palma da minha mão e permaneces moldado no meu abraço. É por isso que teimo em puxar-te para mim, onde pertences, onde ficarás bem. Recolhe-me no teu peito, não me deixes ir por caminhos que não vão ao teu encontro e eu prometo cuidar de ti. Sei-te de cor, e isso basta-me.
O mundo parece-me estranho se me tentar esquecer da tua existência e as cores que constroem o dia começam a ser em tons de cinza (apesar de gostarmos tanto desses tons tão nossos); permite-me que te apazigue a dor que teima em gritar de cada cicatriz tua, e deixa-me junta-las às minhas: marcas com marcas, histórias com histórias.
Quero-te exatamente como és.

Sei-te de cor, e isso basta-me. Porque és muito mais do que te pintas.

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