Todos os dias, uma nova marca.
Carregada com cor de giz vermelho, mas com a força de uma foice. Quando nos
esquecemos que a vida dos outros acontece enquanto nós estamos mais preocupados
com a nossa e com a daqueles com quem convivemos no dia-a-dia, o mundo dá voltas:
voltas que nós só queríamos ter evitado. As ondas dos oceanos acontecem, os
ventos acontecem, os pingos de chuva acontecem, os raios de sol acontecem – a
vida acontece. É nestes momentos que nos apercebemos que andamos demasiado
preocupados com coisas levianas ao invés de com o passar do tempo. Preciso de
ser levada pelas ondas do oceano, de viajar entre os ventos, e sentir a chuva
e o sol. Preciso de fugir. De ti, de ti e de ti.
Achei
que a armadura que tinha vestido era forte o suficiente para me proteger desta
reviravolta; agora sinto que não o é.
Acho que nunca ninguém está preparado para que nos tirem o tapete de debaixo
dos pés e nos atirem para o espaço… Parece que, por mais voltas que tenhamos
dado, nunca somos aquela pessoa, a certa.
Nunca me preferiste. Nunca fui a
tua primeira opção. Fechaste-me dentro de um pote só meu, onde fui tua, mas
nunca fui Aquela. Fui sempre aquela. A que estava sempre lá, e a que
sabia que também estavas sempre lá. A única coisa de que me posso queixar ao
fim destes anos todos foi por nunca me teres amado como eu te amei. Nunca te
fui suficiente dessa maneira que queria. É por isso que preciso de fechar este
capítulo de uma vez por todas. Preciso não só de viajar entre os ventos, mas
também dentro da minha mente, de forma a conseguir fazer um trato com ela e,
assim, tirar-te daquele compartimento só teu – que tanto espaço ocupa – dentro
do meu órgão propulsor. Podes continuar lá, até porque continuo a precisar de
ti. Mas preciso que te encostes a um canto, e não sejas mais do que aquilo que
consegues ser. És tanto na minha vida, que nunca quero que vás embora. Sinto-me pequenina, sem ti.
Fica.
Mas se vais ficar, preciso que
compreendas que às vezes sentimos demasiado. E quando isso acontece, a única
solução é fugir.
Não de ti.
De ti, nunca.
Mas daquilo que me fazes sentir:
segura, única, eu.
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