Quando achava que o meu subconsciente me andava a
pregar partidas e eu andava a viver outras vidas que não a minha depois de
baixar as pálpebras, apareces-me tu.
Já me tinha questionado várias vezes sobre a razão pela qual nunca me tinhas
aparecido no mundo paralelo para o qual não pago bilhete quando o visito. Logo
tu, que fazes parte da minha vida há tanto tempo e que tantas vezes acabaste a –
sem querer – rebentar com a minha sanidade e com os vasos sanguíneos que vivem
no meu coração. Ultimamente as circunstâncias não têm sido as melhores, e as
coisas têm sido complicadas, admito. Mas também admito que não são só as coisas
que são complicadas: francamente, eu também o sou. Creio que é possível ver a
olho nu a névoa de sentimentos de que sou feita, e o quão esgotante é conviver
comigo.
É
deprimente quando tudo o que mais queremos relembrar são os contornos de que
são feitos os nossos sonhos, e na nossa mente apenas se conservam flashes de momentos que lá vivemos. Por
mais que queiramos alimentar-nos daquilo que nos mostrou o nosso cérebro de
forma inconsciente e reviver aqueles segundos vezes e vezes sem conta, até à
exaustão – ou por muito que queiramos descrever aquilo num mero desenrolar de
palavras –, não conseguimos chegar-lhe. Parece demasiado longe, tal como a possibilidade
de se tornar real.
No
meio da zanga que me impedia de voltar para ti, entre a incredulidade da
situação e a raiva que sentia, baixei a guarda. Derrubei as paredes construídas
pelo meu orgulho, e quando viravas as costas para te ires embora, abracei-te.
Abracei-te como quem abraça o seu mundo com medo que ele caia, com um aperto
tão grande como aquele que sentia no ente, tão forte como aquilo que sinto por
ti. Abracei-te, e só me lembro de acordar.
Agora,
falta que os sonhos se tornem realidade e que eu seja capaz de me derrubar a mim própria.
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