Procuras por ela em cada canto.
Tentas encontra-la em cada objeto que pegas e por cada lugar que passas. Tentas
vê-la nas árvores ou atrás dos arbustos, como se soubesses exatamente onde
poderias encontra-la mesmo que ela não se escondesse. Procuras no mar, no céu,
nas nuvens, e na lua. Ainda assim, sentes-te incompleto. Precisas do toque e da
certeza que ela está ali, ainda que não sejam as mãos dela ou o coração dela
debaixo daquele peito que pensas ser teu. Buscas pela sua presença, mas agora
nos outros. Imagina-la e sonhar com ela não é suficiente, e aquilo de que
precisas já é mais carnal do que espiritual. Não há plenitude em ti sem que
saibas que está ali alguém que te cuide, ainda que na maioria das vezes te
faças muito senhor do teu nariz, te feches, e não o permitas. Tu queres, mas
não te dás de volta. Desejas sentir-te cheio - seja lá do que for - e
esqueceste de que aquela que pensas ser A
Substituta de quem procuras,
é igualmente uma pessoa. Mesmo sabendo que não há quem possa ocupar o lugar
dela, lugar esse de onde a tiraste praticamente ao pontapé, continuas a tentar.
Procuras pelos olhos dela
naquelas que passam por ti na rua e te sorriem, esquecendo-te que ela também
sorria com os olhos; procuras pelos cabelos, tendo a certeza que aquilo que os
segura, é bem diferente do d'As Outras; tentas encontrar a estranheza
dela na timidez das que partilham contigo um banco, mas parece que deixaste de
compreender que era isso que mais vos ligava um ao outro, e que não há maneira
de a reencontrar.
É certo que continua ali. Vai
observando o teu percurso, e fazendo o dela em paralelo. Lembrou-se que
precisava de pensar em si própria, e partiu os carris que a levavam a cruzar-se
no teu caminho outra vez. Mas não se esqueceu que tu existes. Só está à espera
que as coisas melhorem e que, mais importante, tu melhores. É mau estar doente
do coração, principalmente quando essa maleita é transmissível.
Cuida de ti, meu pequeno. Ela só quer que cuides de ti.
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