segunda-feira, 16 de junho de 2014

5 minuts




Queria agarrar-te e não te largar mais. Puxar-te para mais perto do que o coração, sussurrar-te ao ouvido que tempo é o que não nos falta, e que ainda temos muitos quilómetros para alcançar juntos, lado a lado. Ainda trocando palavras, sentia que os teus olhos me diziam muito mais do que aquilo que saía de dentro dos teus lábios, ainda que isso soe cliché. Questiono-me agora, deliberando sobre aqueles breves momentos, se os meus olhos me tinham desmascarado também: será que disseram tudo aquilo que, por vezes, deixamos por falar? Ou simplesmente fecharam-se em si próprios, no seu verde amargurado, e esconderam o turbilhão de sentimentos que se revoltam dentro de mim?
Queria agarrar-te e não te largar mais. Puxar-te para mais perto do que o coração, sussurrar-te ao ouvido que tempo é o que não nos falta, e que ainda temos muitos passos para dar juntos, lado a lado. Sempre fui pessoa de ter elevadas expectativas e, por míseros segundos, quase perdi as esperanças – mais uma vez – de que a minha intuição estava correta. Acho que é uma espécie de prova de que se sente qualquer coisa, quando existe qualquer coisa. O impacto. A dúvida. O momento em que a mente deambula e se questiona se estamos a sonhar ou, pelo contrário, os pés estão bem presos ao chão… Mas a mente continua a saltitar de nuvem para nuvem, porque se apercebe da realidade. E ela sorri-nos de orelha a orelha.
                Queria agarrar-te e não te largar mais. Puxar-te para mais perto do que o coração, sussurrar-te ao ouvido que tempo é o que não nos falta, e que as horas para mim continuam a ter um sabor amargo de “pouco”. Naqueles cinco passos até ti, não existiu mais ninguém. Um enorme espaço cheio de nada e de ninguém sem seres tu e eu.
                Queria agarrar-te e não te largar mais. Puxar-te para mais perto do que o coração e sussurrar-te ao ouvido que tempo é o que não nos falta. Mas não o fiz. Nem no início, nem no meio, nem no fim. Deixei-me ficar na minha bolha, e esperei que fizesses o que tinha vontade de fazer eu. Enfim, que tolos são aqueles que querem fazer e não fazem e, no fim, quando viram costas, a vontade de voltar é mais que infinita mas, mais uma vez, não olham para trás. Tolos são esses, que não sabem sentir quando devem sentir.
                Ainda bem que ainda há quem saiba ler expressões e perceba o que queremos. Queria agarrar-te e não te largar mais.

2 comentários:

  1. "Ainda bem que ainda há quem saiba ler expressões e perceba o que queremos". Há poucos. Mas é tão bom que ainda existam!

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  2. agarra e não largues mais, pequena. fá-lo sem receios, vive!

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