terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

lullaby

Fico a pensar... Que será isto? 
Enquanto as tuas mãos vão dançando com as teclas em movimentos bruscos, automáticos mas também sentidos, eu sou engolida por uma neblina espessa que me deixa ver mal pelo caminho que vou percorrendo. Como se fosse um feitiço qualquer: num instante, a música é alegre e dá-me vontade de saltar e rodopiar, adornando o meu rosto com um sorriso e fazendo-me querer rebolar em relva fresca qual criança no seu estado mais puro; mas depois a música torna-se mais lenta, mais melancólica... Empurra-me para um fundo sem nome, fecha-me dentro de um cofre debaixo do tapete da sala, o qual é aberto uma vez de século a século, e onde me sinto triste, sem forças, onde murcho, qual tulipa esquecida no meio do chão, cujo único destino é desaparecer. Durante bastante tempo, a melodia é contínua e enche-me a alma. Mas quando faz pausas percorre-me todo o ente com vírgulas e reticências
Sou uma pessoa feita para andar à deriva, mas de vez em quando gosto de ser salva por uma âncora que me leve para bem longe do que sou quando me sinto só. E prefiro que me puxem vagarosamente, do que me puxem e se lembrem de a meio cortarem a corda, para mais tarde me atirarem com outra. 
Gosto de mim quando estou contigo. Por isso, faz-me um favor... Volta a sentar-te no banco, e toca uma canção de embalar. Estou cansada; mas fica aqui comigo, não vás embora. Prometo que nunca me irei embora também.

5 comentários:

  1. Mais uma belo texto. Gosto particularmente da parte "Sou uma pessoa feita para andar à deriva, mas de vez em quando gosto de ser salva..." :) *

    ResponderEliminar
  2. E acho que me arrependi de o ter feito mas pronto. És linda <3

    ResponderEliminar