domingo, 1 de maio de 2011

trains

São triliões. Passam de rompante e levantam-me os cabelos ao sabor do vento que trazem consigo. Levam pessoas aos seus destinos e pelos seus próprios caminhos. Quem sabe se na primeira carruagem não vai uma rapariga nervosa, de lágrimas nos olhos, e com os músculos cansados, depois de uma última vez com a sua (pensava ela) alma gémea? E na segunda vai uma mãe, com o seu filho ao lado a dormir profundamente, com rumo a uma nova vida? E na terceira um idoso que quando chegar a casa e se deitar, nunca mais acordará? As pessoas são tantas e todas tão diferentes. Mas ao mesmo tempo tão iguais... Percorrem o mesmo troço, ambas têm um destino, e todas têm uma razão para estarem ali sentadas, naquela hora, naquele dia. Quando faço parte das infinitas multidões que por lá dentro pairam, começo a observá-las. Tento identificar-me, e dar a cada uma a sua própria história. E assim passo o tempo. Às vezes, simplesmente fecho os olhos, e mesmo estando ao lado de um desconhecido, passo esse facto ao lado e deixo-me transformar-me numa mendiga de sonhos. E tem dias em que imagino que o meu destino depois dali sair são os teus braços. E isso faz-me sorrir como uma criancinha. Oh, era tão bom que fosse verdade! Imaginar-te ao fundo com um sorriso de orelha a orelha, o cabelo preto completamente perfeito, o corpo hirto mas ao mesmo tempo irrequieto, com tamanho nervosismo quanto o meu.
Depois, acordo de rompante e dou por mim, dentro do comboio, sem ti ao meu lado. E isso faz-me desfalecer.
E nisto, dou conta de que não consigo viver sem ti.
«A distância das moradias não desune o amor dos corações»

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