domingo, 17 de outubro de 2010

letter number 20: to the one that broke my heart

o sentimento que nutro por ti faz-me sentir completa. contigo sinto que sou capaz de ultrapassar todas as coisas que me apareçam, sinto que sou capaz de enfrentar tempestades e até o fim do mundo; se estivermos de mãos dadas tenho a certeza que iremos para onde nos apetecer, basta querermos! porque juntos somos mais fortes que qualquer outra coisa. não partilhas da mesma opinião que eu? sei que um dos lados do meu coração foi parte arrancada do teu, e que uma parte do teu coração é do meu. e porquê? porque parece que fomos feitos um para o outro. parece, só isso...
o destino decidiu não nos pôr frente a frente todos os dias para que todas estas coisas fossem comprovadas. achou melhor que o teu sentimento por mim não fosse realmente gémeo do meu sentimento por ti. apesar de tudo, sei que gostavas que eles fossem os mesmos. amas-me como uma irmã que não tens. amas-me com tudo o que tens. amas-me mais que muitas outras pessoas. e eu amo-te a ti, meu pequeno príncipe.
milhares e milhares de quilómetros e um imenso oceano que agora nos separam não são nem nunca serão suficientes para quebrar a ligação invisível mas indestrutível que paira sobre nós. não são meros contratempos que nos irão afastar. nós somos mais do que isso: duas pessoas que gostam uma da outra. nós precisamos um do outro. sim, essa é a grande diferença entre nós e outros tantos. poderia não existir nenhum outro sentimento paralelo à necessidade, que tudo seria o mesmo.
mas esta carta não é para ti. esta carta é para o meu sentimento por ti, que, como o destinatário indica, já me partiu muitas vezes o órgão propulsor em pequenos pedacinhos de vidro ensanguentados. como outrora escrevi num dos meus textos escondidos, o amor dá-nos cabo das entranhas, e posso dizer que sou prova viva disso. às vezes o amor deixa-nos maiores sequelas do que levarmos com um balde de ácido em cima. corrói-nos, dá-nos vontade de morrer, faz-nos sentir uns velhos trapos sem utilidade nenhuma, rouba tudo o que há de bom em nós. há pior que um sentimento sem uma peça do puzzle onde encaixar? há algo mais extenuante do que pensar que a pessoa que mais amamos no mundo não é a peça que coincide connosco? talvez com o tempo possa ser. mas naquele preciso momento, em que desejamos que tudo se concentre ali, não dá. não é certo. porque é que quem quer que seja que comanda esta maldita vida não fez uns botõezinhos em todos nós para pudermos clicar e fazer com que nos amem?
mas não te culpes, meu amor. não podes ser obrigado a amar-me, não é? e o sentimento que tens por mim tem de me bastar, porque ainda é o que me faz querer viver. e saber que um dia vamos voltar a abraçar-nos dá-me razões para continuar a deixar que o meu coração desfeito em pó seja purificado pelo sangue que circula no meu corpo. no meu estúpido corpo que mais parece corpo de defunto por sentir demasiado a tua falta.

6 comentários:

  1. "no meu estúpido corpo que mais parece corpo de defunto por sentir demasiado a tua falta." adorei :o

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  2. Adorei Fabiana, tão inspirada que andas! *

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  3. revejo-me nas tuas palavras, infelizmente por expriência prória.
    continua a escrever assim.*

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