
o destino decidiu não nos pôr frente a frente todos os dias para que todas estas coisas fossem comprovadas. achou melhor que o teu sentimento por mim não fosse realmente gémeo do meu sentimento por ti. apesar de tudo, sei que gostavas que eles fossem os mesmos. amas-me como uma irmã que não tens. amas-me com tudo o que tens. amas-me mais que muitas outras pessoas. e eu amo-te a ti, meu pequeno príncipe.
milhares e milhares de quilómetros e um imenso oceano que agora nos separam não são nem nunca serão suficientes para quebrar a ligação invisível mas indestrutível que paira sobre nós. não são meros contratempos que nos irão afastar. nós somos mais do que isso: duas pessoas que gostam uma da outra. nós precisamos um do outro. sim, essa é a grande diferença entre nós e outros tantos. poderia não existir nenhum outro sentimento paralelo à necessidade, que tudo seria o mesmo.
mas esta carta não é para ti. esta carta é para o meu sentimento por ti, que, como o destinatário indica, já me partiu muitas vezes o órgão propulsor em pequenos pedacinhos de vidro ensanguentados. como outrora escrevi num dos meus textos escondidos, o amor dá-nos cabo das entranhas, e posso dizer que sou prova viva disso. às vezes o amor deixa-nos maiores sequelas do que levarmos com um balde de ácido em cima. corrói-nos, dá-nos vontade de morrer, faz-nos sentir uns velhos trapos sem utilidade nenhuma, rouba tudo o que há de bom em nós. há pior que um sentimento sem uma peça do puzzle onde encaixar? há algo mais extenuante do que pensar que a pessoa que mais amamos no mundo não é a peça que coincide connosco? talvez com o tempo possa ser. mas naquele preciso momento, em que desejamos que tudo se concentre ali, não dá. não é certo. porque é que quem quer que seja que comanda esta maldita vida não fez uns botõezinhos em todos nós para pudermos clicar e fazer com que nos amem?
mas não te culpes, meu amor. não podes ser obrigado a amar-me, não é? e o sentimento que tens por mim tem de me bastar, porque ainda é o que me faz querer viver. e saber que um dia vamos voltar a abraçar-nos dá-me razões para continuar a deixar que o meu coração desfeito em pó seja purificado pelo sangue que circula no meu corpo. no meu estúpido corpo que mais parece corpo de defunto por sentir demasiado a tua falta.
obrigada (;
ResponderEliminargostei!
"no meu estúpido corpo que mais parece corpo de defunto por sentir demasiado a tua falta." adorei :o
ResponderEliminarAdorei Fabiana, tão inspirada que andas! *
ResponderEliminarperfeito, sempre perfeito *
ResponderEliminarrevejo-me nas tuas palavras, infelizmente por expriência prória.
ResponderEliminarcontinua a escrever assim.*
está maravilhoso Fabi, muito mesmo *
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