sexta-feira, 2 de julho de 2010

a partida

enquanto estou aqui sentada... sinto-me perdida. não que não saiba onde estou ou onde devo ir daqui a pouco, mas sinto-me perdida, despegada do mundo, sozinha. os meus pés não estão bem assentes do chão, e a gravidade tenta-me levar para longe. mas faço-me forte e tento manter-me no chão, com muito esforço. os meus dedos voam e eu vou escrevendo sem saber onde é que todas estas palavras me irão levar; talvez nem mudem nada. os meus olhos estão encharcados, e as lágrimas descem-me pelas faces até ficarem marcadas no papel. tenho a certeza de que amanhã estão ainda aqui marcadas, como numa praia cheia de pegadas por onde o vento não passa - são de uma dor invísivel durante o dia, bem visível à noite. uma dor diferente de todas as outras? não sei, nunca ninguém me contou se alguma vez se sentiu assim. mas neste momento prefiro não pensar nisso.
o meu coração não bate a mil à hora... bate a mil por segundo. sinto-o a querer fugir do peito, a ser empurrado pelos meus órgãos para a garganta. as pernas tremem mais do que se estivessem 10 graus negativos e eu sinto a alma fugir-me do corpo. o que é isto? as minhas entranhas moem-se umas nas outras, e começo a desfazer-me em pó. onde estou agora? sinto-me a voar.
o vento seca-me as lágrimas e eu já não sinto os meus pés. a gravidade desapareceu sem eu dar conta, e agora não tenho forças que me levem de novo para a terra. o meu peso desapareceu, e sinto-me mais leve que uma pena. grito. por socorro, ou por dor, não sei. agora confundo as duas coisas. mas continuo a gritar, e não ouço a minha própria voz. não vejo os meus braços, as minhas pernas, os meus pés, o meu corpo... não vejo. mas vejo as minhas mãos a derreterem os meus pensamentos no papel. e agora

que sítio é este? agora sim, ouço a minha voz, e ela soa-me melancólica, como se ao falar eu canta-se. esvoaço pelas nuvens e possuo umas vestes brancas de seda.
foi a minha hora.
e agora é por mim que choram, lá em baixo.

uma alma perdida na viagem para o infinito... sem regresso.

3 comentários:

  1. repara que ele já tem a boca aberta :o
    tipo que alguém ia chorar por ti f, hunf. .|.

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  2. a minha mãe sempre me ensinou a não mentir. e admito, iria chorar que nem uma madalena. just because i love you.

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