sábado, 17 de outubro de 2009

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Saí de casa a correr para não perder a boleia. Fechei a porta à chave e ainda vinha com a torrada na mão. Não queria chegar atrasada mas hoje adormeci. "Tenho de me despachar!"
Comecei a seguir o meu caminho ao mesmo tempo que bocejava e as lágrimas me chegavam aos olhos. Estava cansada; a noite passada tinha sido horrível. "Porque é que ele me deixou?" Já não me lembrava bem do que se tinha passado, porque tinha abafado todas aquelas informações e lágrimas na minha almofada até adormecer. Fiz um esforço, estava tão profundo que era difícil de arrancar. "Ah... Porque já não me ama." Ao pensar nisso mais uma vez fez-me parar no meio da estrada "Não acredito." Comecei de novo a chorar, mas entretanto um carro elevou a sua buzina e fez-me acordar. Pedi desculpa e continuei a caminhar em frente, sempre em frente. Não queria pensar no que tinha acontecido outra vez, não queria desfazer-me em água salgada de novo. Mas enquanto olhava para os sinais de trânsito, para os placares, para cada montra, para as outras pessoas, via-te a ti. Estavas em todo o lado e não te querias ir embora. "Sai daqui, por favor." Murmurei a mim mesma e fechei os olhos com todas as minhas forças. Peguei num lenço e limpei as lágrimas. Olhei para o relógio e vi que as horas tinham passado mais depressa do que eu queria, portanto já tinha perdido a tal boleia e podia esquecer todos os planos que tinha para hoje: dia estragado, ou seja, mais um dia que tu estragaste, mais um dia que vou passar a pensar no que aconteceu. Sentei-me num banco no meio de um jardim. Peguei no telemóvel e comecei a ver as mensagens que tinha guardado tuas "Tenho saudades tuas.", "Gosto tanto de ti minha princesa.", esta era a mais importante para mim: "Meu amor, tens noção do quanto gosto de ti? Obrigada, um sincero obrigada por todas as tuas palavras de reconforto quando estou mal. Obrigada por nunca me teres deixado quando tinhas mais do que razões para isso. Obrigada por seres tão sincera e humilde. Obrigada por teres entrado na minha vida, e principalmente, obrigada por me amares, porque tu fazes de mim a pessoa que sou." Durante o dia recebia mais de vinte mensagens tuas, mas agora que olho para o que passou, para o que me disseste, vejo que era tudo mentira. Enganavas-me da forma mais pura, mas ainda assim continuava a amar-te. "Sou tão estúpida!" saí do banco a correr e decidi que ia ter contigo para tirar explicações. Isto não podia acabar desta forma, era impossível. Tinhas argumentos sem sentido nenhum, pois não ias deixar de me amar de um dia para o outro. (ou sim?) Bom, não sei, mas de qualquer forma preciso de ver-te e saber se estás bem ou não.
Comecei a correr para a paragem de comboios, mas a linha estava fechada; estava a passar um comboio. "Odeio quando isto acontece." e enquanto dizia isto, vi-te. Estavas do outro lado da rua e olhavas para mim. Estavas a sorrir.

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