Fui-me
deixando levar pelo tempo. Esqueci-me de não me esquecer de mim e dos meus
sentimentos. O tempo roubou-me vontade, mas deu-me dedicação. As horas levaram
a dias, os dias a semanas, e as semanas a meses. Hoje estou aqui, e apercebo-me
do tempo que passou.
Um
dia escrevi algo nas notas do telemóvel e perdi essa nota. Foi a meio desses
meses, quando me apercebi que a distância me trouxera muitas coisas boas, tendo
sido uma delas o discernimento.
Apercebi-me de algo que andava ali a dar ar de sua graça há algum tempo, um
bichinho chato que me passava pela mente de quando a quando, mas que eu decidia
ignorar e pô-lo no bolso – mas metia-o sempre no do coração, e talvez tenha
sido um erro. Ou não, quem sabe. Quantas
mais vezes eu insistia em metê-lo lá, mais vezes ele arranjava maneira de
encontrar um caminho desde o meu peito, até ao meu cérebro… Até um dia, não há
muito tempo, eu realmente aperceber-me desse feito. De um amor que (ainda) não é
amor. De duas almas partilhadas já há anos, e que nunca me tinha feito sentido
se conectarem de tal maneira.
Já
não me recordo das palavras que escrevi. Esmoreceram no tempo, e enterram-se no
meu coração. Dei-lhes espaço para se acomodarem e ficarem. Fiz-lhes um café,
para se manterem firmes até, um dia destes, fugirem pelos meus lábios. Quem
sabe se não te convido também para um e, talvez, me digas que isto sempre foi
um sonho teu. Daqueles que nos perseguem antes de dormir e, às vezes, por
consequência, te encontram no subconsciente.
Encontramo-nos
depois.
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