É quando achamos que encontramos uma ilha segura para largar a
âncora, onde a comida não importa mas sim a forma como os raios de sol batem na
cara, que a proa do barco começa desmoronar-se. O Eu construído já há meses,
desde a última vez que vira e pisara terra, foi balançando com o mar. Viver
neste meu barco, que de início era de vidro mas agora é de ferro, sempre me deu
segurança. Mas agora vejo que o ferro nem sempre é indestrutível... Basta
carregar-lhe no sítio certo, lançar a bomba na altura certa, que ele se afunda.
E com ele, tudo o resto. É como dizem, "morrer na praia" mas, neste
caso, antes de chegar a ela. Não foram as marés vivas ou altas, não foram
ventos e tempestades... Foi só a proa. Um bocadinho tão pequeno e
insignificante, que lhe permitia velejar com a vida, que lha roubou por
completo. A minha proa foi-se, outra vez. Mas há sempre maneira de chegar à ilha, basta saber nadar. Havemos de chegar cansados, com o coração a palpitar e quase a querer subir-nos pela garganta, mas chegamos. Porque quando a vontade é superior à força, tudo se alcança.
Lutar por tudo e tudo alcançar, soa-me a viver.
ResponderEliminarFantásticas palavras tuas.
Escreves muitíssimo bem, parabéns
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