quinta-feira, 21 de outubro de 2010

who am I?

«Usamos os espelhos para ver o rosto e a arte para ver a alma.»
George Bernard Shaw

como não sabia o que escrever, e como decidi deixar o desafio das cartas em standby, pus-me a procurar frases.
esta cativou-me.
todas as manhãs uma das primeiras coisas que fazemos é olhar para o espelho: ver se o cabelo está bem, tentar tapar as olheiras se as tivermos, tentar tapar os defeitos e outras tantas coisas. tenho de admitir que às vezes não olho para o espelho, esqueço-me até que tenho a possibilidade de fazer isso. os espelhos não servem para muito mais que isso, aparentemente. mas precisamos de os ver de outra forma, precisamos de olhar para eles como se não fossem uns simples objectos nos quais conseguimos ver-nos a nós próprios. se olharmos para bem lá no fundo, bem bem lá no fundo, somos capazes de nos encontrarmos de outra forma. damos conta dos nossos sentimentos no espelho. se eles reflectem os nossos olhos, a nossa boca, o nosso nariz, a nossa cabeça, o nosso pescoço e o resto do nosso corpo, não era lógico que reflectissem outras coisas que tais? enquanto olho através dos meus próprios olhos vejo a minha vida passar-me na retina. os momentos vão passando como se os estivesse a ver num filme mudo, e fico com uma enorme vontade de saltar para dentro do meu próprio corpo; apetece-me ser engolida pela magia que o espelho transmite sem desdém. parece fácil demais porque está perto demais. as memórias estão sempre escondidas no cantinho mais aconchegado do nosso ente, onde seja difícil de chegar. as mais poeirentas são de alcance quase impossível, e por isso às vezes só nos apetece chorar por temo-las perdido, quando isso não é verdade. nós não nos esquecemos de nada: as coisas vão sendo sugadas até quase desaparecerem. por isso então, o espelho serve para ver o rosto e o que temos por detrás do nosso rosto.
não se costuma dizer que os artistas revêem-se nas suas obras? então é isso mesmo que a segunda parte desta frase quer dizer. qualquer que seja o tipo de arte, tem sempre um todo de quem construiu. se não tivesse um eu não poderia ser considerada arte, porque não teria essência alguma. a arte pode ser qualquer coisa e pode ser feita por qualquer coisa também, desde que se reconheça um quem nela. se alguma vez quiserem saber como alguém é, dirijam-se à obra de arte mais próxima que possam encontrar dessa pessoa. assim não precisarão de perguntar à própria como ela é - por vezes nem sabemos explicar como somos, não é verdade? -, basta usarem o olhar e o coração, e perceberão tudo de uma forma clara.

para se reconhecerem a vós próprios peguem num espelho e olhem-se;
mas logo a seguir façam o que mais gostarem, porque isso é a vossa arte.

7 comentários:

  1. :o que bonito. E tens toda a razao, as vezes gosto de fazer isso, sabe tao bem podermo-nos conhecer melhor a nos proprios e relembrar coisas com pequenos gestos que nao nos apercebemos que fazemos no dia-a-dia porque nao os vemos, no espelho, se quisermos vemos isso tudo (:

    ResponderEliminar
  2. perfeito fabiana, e concordo, completamente!

    ResponderEliminar
  3. CONCORDO COM TUDO O QUE DIZES NESTE TEXTO, TODAS AS TODAS AS PALAVRAS DELE, TODAS AS LINHAS E FRASES!

    Está Perfeito (:

    p.s: deixei comentário na carta 20 e 21 *

    ResponderEliminar
  4. adorei o texto, mesmo. Todas as tuas palavras me tocaram no coração e não podia estar mais de acordo. O espelho para além de reflectir o nosso exterior se olharmos bem lá no fundo vemos o nosso interior também e foi isso que me transmitiste nas tuas mais sinceras palavras. O post está mesmo muito bom :') beijinhooo *

    ResponderEliminar
  5. é bem verdade, mas temos é de ser fortes nestas alturas

    ResponderEliminar
  6. acredita que está a ser muito dificil para mim fazer isso, muito difil mesmo .. mas tem que ser, eu sei :/
    obrigada pela opnião :')

    ResponderEliminar