segunda-feira, 27 de setembro de 2010

letter number 14: to someone I've drifted away from

já fomos amigos chegados, pode-se dizer que sim. quando ainda não nos conhecíamos bem eu pude deduzir facilmente que eras tímido e que só falavas mais com pessoas que estivessem perto de ti. entretanto, a nossa amizade foi-se intensificando. não que fôssemos os melhores amigos, que contássemos tudo um ao outro, que partilhássemos muitas experiências... mas falávamos relativamente. sei que quiseste saber coisas sobre mim que nem todos sabiam.
o tempo foi passando. duma coisa que me lembro bem foi dum longo desafio de números nos quais eu ganhei - era simplesmente um divertimento, enfim. coisas de adolescentes. (?)
este verão falámos um pouco mais, e eu descobri o teu jeito e afeição pelas palavras. nem fazia a mínima ideia que eras tu, não desconfiava. derretia-me ao ler os teus textos, eram completamente perfeitos. parecia que nunca tinha lido nada assim vindo de um rapaz, sei lá. eram mesmo bonitos, não me canso de dizer. mas o facto de me esconderes que eras quem eras e teres contado a alguém que ainda não te era nada, não foi bom.
mas isso não foi o pior desta história.
a principal razão pela qual nos afastámos foi por eu descobrir que não podia confiar em ti, nunca mais. apesar de eu também não ter agido da forma mais correcta, tu não ficaste atrás. e depois de tudo isso acontecer ainda puseste mais lenha para o fogueira. e qual foi o resultado de tudo isto? afastarmo-nos, não haver diálogo entre nós, zero. fim.
não passou muito tempo depois deste processo ter começado, mas aposto que poucas pessoas devem ter reparado no enorme vazio que agora predomina entre nós: uma barreira de aço invisível.
sabes? não sei se alguma vez te irei perdoar. o que tu fizeste foi errado, muito errado. trocaste a minha confiança pela de alguém até então desconhecido. gostarias que te fizessem isso a ti? desiludiste-me. sim, realmente é verdade. desiludiste-me. e pode ser que o silêncio entre nós faça com que me esqueça, ou então... pode ser que faça com que eu me esteja sempre a lembrar do porquê de tudo isto.
«Os ausentes fazem sempre mal em voltar.» Jules Renard
será isso? será que não valerá a pena? talvez o esquecimento nunca seja mais forte que a minha alma.
até lá.

4 comentários:

  1. está sincero.
    não te sintas mal pelos erros dos outros, e se foste magoada por alguém que consideravas tão próxima, é porque esse alguém não merece o que tens a dar. adoro-te.

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  2. "perdoar é coisa dos corajosos, os cobardes não têm essa capacidade"


    lindo como sempre, não é?

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  3. estou de acordo com o Douglas. esse alguém que já foi um tanto na tua vida, se te fez o que fez, nem estas palavras perfeitas que aqui postaste, ele merece.

    lindo fabi (:

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