quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

cartas rasgadas e pensamentos ao vento

o teu perfume ainda está nas minhas entranhas, à espera de uma brisa fresca que o leve embora. a imagem dos teus olhos ainda está colada na minha mente, à espera de outro novo pensamento que a leve embora. a marca do teu toque na minha cara ainda permanece, à espera que eu arranje coragem para a tirar. os teus cabelos ainda estão enrolados entre os meus dedos, à espera que eu tenha vontade de os retirar. e tu ainda aí andas, perdido, no meio do nada, no meio de transparências.
consegues ouvir-me? consegues sentir as vibrações lançadas pela minha garganta? consegues sentir o teu nome nos meus poros? sou a tua existência. ou melhor, a tua existência faz-me viver. respiro pelos teus pensamentos, caminho pelas tuas lágrimas e velejo entre as marés à espera de te ver.
consegues? sentes isto? ou andas a rasgar as cartas que te mando todas as noites antes de dormir? andas a espalhar as minhas palavras pelo teu jardim com o fim de não as chegares a ler? pequenos bocados rasgados de carta a voar com o vento, para longe, à procura de quem os queira ler.
porque tu não queres, não queres que respira ou viva pelo teu pestanejar. queres-me longe, queres-me fora de ti. mas afinal, qual é o teu medo? que eu te roube a alma? que te leve o coração para uma caixa pequena e fria? não tenhas medo. não. não sou assim... mas para que digo estas coisas? tu sabes bem o que eu sou, tu sabes! conheces-me melhor do que a palma da tua mão, não é verdade? ou será que sou eu que te conheço melhor que a palma da minha mão? não sei. afinal secalhar não és tu que andas perdido no meio do nada, mas sim eu. perdida nos meus pensamentos que não passam por completo de pensamentos e no meio de sonhos que não passam de sonhos. estarei a dormir à quanto tempo? à quantos milénios? devo ter passado a ser uma bela adormecida sem príncipe encantado, ou uma branca de neve que trinca uma maçã e também não tem quem a venha salvar. secalhar já é muito mais que milénios. milhões de mil de décadas de centenas de anos? já me parece algo mais credível. e a ti? e a ti meu pequeno ser imaginário?
(esta ausência toda deve-se à minha falta de subtemas deste grande tema que é o que sinto)

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