sábado, 9 de janeiro de 2010

onde?

está frio mas eu não tenho medo. estou a tremer, tenho as mãos roxas e o coração partido. apenas caminho, mas quase caio. sinto-me sem forças, quase no fundo do poço. está escuro, ouço gemidos de dor, e por aqui parece não haver grilos. mas ainda assim, não tenho medo e continuo em frente. ando aqui sem destino, mas quê? a algum lado hei-de chegar. nem sei como vim parar aqui... acordei entre os meus lençóis no meio de um deserto gelado. não entendo nada disto, mas tenho que sair daqui, há-de haver alguma coisa que possa fazer. na noite anterior tinha chorado e derramado todas as lágrimas na minha almofada. sabia que a esta hora ela ainda estaria completamente encharcada, pois enquanto durmo, choro também. está vento, e já tenho até a cara arrepiada. será que o motivo disto tudo é eu congelar? só pode ser. começou a chover. como é possível chover num deserto? não há árvores onde me possa abrigar, não há arbustos, não há absolutamente nada. só areia congelada. uma gota cai no meu lábio, e provo-a. é salgada. é uma chuva de lágrimas, talvez as minhas lágrimas. agora os gemidos foram trocados por vozes. vozes melancólicas que chamam por mim, sigo-as e continuo perdida. tropeço em mim própria e caio. estou perdida, tenho frio, o meu coração está completamente despedaçado e não sei o que fazer. adormeço e acordo de novo na minha cama, envolta nos meus lençóis quentes, e com a cabeça sob a minha almofada encharcada. foi tudo um sonho

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