
Há uma música que me faz querer deitar na cama, pousar a cabeça e adormecer... Suave e levemente, lançando-me para um sono profundo e que me prende ao Além. Não é considerado um sonho, mas simplesmente um sono com um intuito único: refortalecer. Talvez este som peça uma nuvem emprestada aos céus e me leve para um "
pseudosonho". Se calhar até me faz sentir melhor do que eu merecia; mas muitas vezes sonhamos com coisas boas - que até se nos rasga um sorriso no rosto enquanto o nosso corpo está adormecido - e acordamos mais cansados que nunca. Portanto, é mesmo uma imitação de tal.
A nuvem é fofinha mas impalpável. E agora perguntam-me, se o é, como o sei? A minha mente diz-mo como se me estivesse a contar segredos ao ouvido. Não sei do nada, mas é mesmo como se mo dissessem. Desta altitude já não consigo sequer pensar nos meus lençóis e cobertores, e tudo em mim transpira tranquilidade. Se eu não conseguisse virar o pescoço e ver as minhas costas limpas, acreditava que tinha nascido um par de asas nelas. De seguida, era só esperar que alguém me entregasse uma harpa e uma auréola dourada e brilhante aparecesse um pouco acima da minha nuca.
Sei que não estou a sonhar e que também não estou acordada. Por isso, acredito que esteja a fazer as duas coisas ao mesmo tempo mas não no sentido de frase feita. Sei porque estou aqui e sinto-me viva e rejuvenescida. Não quero voltar a respirar o oxigénio real e não me apetece voltar a encarar os problemas que me esperam fora daqui. Não quero que me arranquem deste paraíso à força, e quero que o meu coração continue assim, no meio termo. Sem palpitar, mas com o sangue a irrigá-lo na mesma. No impossível.