quarta-feira, 3 de março de 2010

estado de


por mais que não queira, estás longe;
longe de tudo, de todos, de mim e dos meus sentimentos. estás perdido? não sei. mas sabes? ouvi dizer que o mundo acaba amanhã. ou não! ouvi dizer que o nosso amor acabou, mas não dei pelo seu fim. escondeste-me isso? o fim do tudo ao nada, e tu escondes isso por completo? não sei porque tão longe ficaste, ou apenas porque não estás aqui. fugiste-me de vista, por entre os dedos - tal como quando estou na praia a tentar pegar nos grãos de areia. ou és um fugitivo, ou és sadomasoquista. sabes porque o digo? porque sei que amas. não sei se a mim, se ao que te digo, ou se ao meu sentimento. mas amas. amas e amas sofrer. ou então foges porque tens medo de ser atingido por mais uma seta envenenada por veneno de mim. pelo meu sangue.
mas sabes? o teu mapa vais ser tu mesmo. juro. vou escrever o teu nome em todas as portas, em todas as calçadas, em todos os semáforos, em todos os cartazes de publicidade, na testa das pessoas se necessário. mas tu vais chegar até mim. por instinto, talvez. mas chegas. não por ordem do diabo ou de Deus, mas por ordem das minhas palavras e dos teus compromissos. os teus mais antigos e profundos compromissos. aqueles que toda a gente faz e esquece; aqueles que toda a gente ignora, mas eu não. e esta melancolia que me envolve quando falo de ti? parece que fico adormecida entre lençóis suaves, com cheiro a aveia e com um toque de ti. mas ainda com tudo isto, sei que estás longe, muito longe, talvez do outro lado do mundo, mas a chamar por mim. não te ouço, não te sinto aqui. mas sei o que procuras: nada. ou tudo, sei lá. procuras o invisível e o intocável. procuras o que está longe, enquanto podes agarrar o que está perto. estás perdido, completamente. cego pela sede de mais e mais sentimento, e tentas reencontrar as tuas palavras - reencontrar-te a ti. estás como um mendigo. não que tenhas roupas rasgadas ou que estejas como manco, mas a tua mente é de um mendigo: queres alimentar-te a todo o custo. será de mendigo, ou de ladrão? és insaciável por sentimentos, um viciado em afecto. mas fugiste. foste-te embora. e agora não te posso dar nada de mim. nem um pequeno pedacinho de mim. sabes? dava-te tudo, se pudesse. ainda que precisasses de mais e não encontrasses, eu dava-te tudo. és um sem sentido, e eu aprendi a ser como tu. a tentar dizer muito, e a não dizer nada. não completamos as frases um do outro, tal como poderíamos. tu dizes "amo" e eu não consigo dizer o "te". apenas e só apenas porque quando te toco tu não és nada. foste uma miragem. uma verdadeira miragem. e por isso é que sei que nunca vais conseguir chegar até a mim. porque tu na realidade nem sequer existes, és fruto dos meus pensamentos e dos meus sonhos. só estás comigo quando sem querer fecho os olhos e adormeco. parece que nem enquanto durmo consigo descansar. tu pegavas na minha mão e levavas-me para ti. levaste-me para mil e um sítios, e parecia que estava mesmo lá. mas agora não apareces nos meus sonhos, porque como já disse, estás longe. não sei de ti. mas ainda não saiste da minha cabeça. o meu cérebro continua à tua procura pelo infinito, mas nem ele consegue agarrar-te e trazer-te de volta. estás tão a leste que não dá. e começo a pensar que não vale a pena voltar a tentar. vais ter de ser como aqueles sonhos que esquecemos logo de manhã, mas eu só te esquecerei daqui a milénios.

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