Há
intensidades e intensidades. Há amores e amores. Há quem passe por nós e não
deixe parte de si agarrado aos nossos corpos – apenas a ventania de quem vai
com pressa e nos levanta os cabelos. Há momentos e momentos. Há olhares e
olhares. Há quem passe por nós e nos impeça de não ficarmos ali especados a
olhar, querendo agarrar essa mesma pessoa e não a deixar ir. As pessoas
marcam-nos de forma profunda, ao longo do tempo, sem darmos por isso, com
gestos simples mas que, aos nossos olhos (que tantas vezes se cruzaram com os
delas, como se raios ali se trocassem) nos dizem tanto. Mas é disso que tenho
medo. Que o que para mim me significa tanto, a ti nada diga. Que aqueles
mínimos gestos que me atravessam a mente antes de ir dormir, para ti não tenham
sido mais que meros segundos.
Mesmo que eu
me sinta completa e novamente feliz quando olhas para mim dessa maneira tão
tua, sinto-me a afundar de dia para dia. Incertezas nunca foram algo que me
agradasse; eu sou feita delas. Delas e de amor, como sempre digo onde quer que
escreva. “Sou feita de amor, e de amor morrerei”. É por isso que, ao mesmo
tempo que me apetece abraçar-te a toda hora, também me apetece colocar-me em
posição fetal num canto e baloiçar num vai e vem sem fim, sem saber o que
fazer, como reagir, para onde ir.
Já nada me
avassalava o ente com tamanha intensidade há muito. Nada que me parecesse
verdadeiro e construído aos poucos… Mas dói na mesma. Enquanto dás uma no
cravo, dás outra na ferradura, e isso é o pior que me podem fazer. É como se
num minuto me dessem a mão para me ajudar a atravessar a passadeira e, no
seguinte, me empurrassem para o meio da estrada na passagem de um camião. Eu
disse que sim. Para mim, vale sempre a pena esperar. Sendo eu própria uma
pessoa confusa, sinto que começo a ter certezas – agora resta saber se não sou
a única. Será que vamos continuar a remar contra a maré? Ou, finalmente,
passamos a trabalhar em conjunto e chegamos à Foz num abrir e fechar de olhos?
Tal como li algures: as folhas do Outono caem
e com elas caio eu, por ti. Mas não me deixes cair num sítio qualquer.
Segura-me na tua mão, com carinho e cautela. Se o fizeres, eu também tomarei
conta de ti, como já prometi.
Há
intensidades e intensidades, amores e amores, momentos e momentos, olhares e
olhares. Pessoas e pessoas. E da junção de tudo isso, existes tu.
"Mesmo que eu me sinta completa e novamente feliz quando olhas para mim dessa maneira tão tua, sinto-me a afundar de dia para dia. Incertezas nunca foram algo que me agradasse; eu sou feita delas." oh fabiana, tens sempre as palavras certas, sabes? adorei e adoro a forma como escreves, e confesso que tinha saudades de o ler assim, numa manhã fria como esta. um beijinho e continua por aqui, pertences aqui
ResponderEliminarcomo disse a bé, "pertences aqui", sem dúvida. adorei cada palavra <3
ResponderEliminarmas há espaço para cada uma das pessoas que trazes dentro de ti, para a que és, para a que foste e para todas as que vierem ainda. a escrita abriga-as a todas. talvez seja o "farol" delas e tu ainda não tenhas descoberto isso. e eu espero que sim! um beijinho doce e um obrigada
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