É
triste e estranho quando achamos que não há ninguém lá fora para nós. Sempre
fui forte crente no destino, em almas-gémeas e num futuro risonho com alguém do
meu lado. Mas conforme o tempo foi passando, essa certeza foi-se dissipando;
onde anda a minha alma-gémea ou, se ela não existir, onde andará a peça do
puzzle que condiz exatamente comigo? Não existe ninguém que seja completamente perfeito
para nós, porque nós já temos o que se pode chamar de defeito de fabrico:
sentimos em demasia. Amamos avida e loucamente, odiamos sem limites, sentimos
saudades que nos desfazem o coração, entramos em fase de tristeza melancólica
que se aproxima a uma deprimência momentânea. Desde que nascemos que já
devíamos estar para isso preparados – mas não é assim que somos educados.
Sempre nos dizem que um dia vamos casar, constituir família e ser muito felizes…
Mas, e se nunca acharmos alguém que nos dê o devido valor? Ou se simplesmente
não aparecer ninguém que tenha capacidade de nos amar? Como é que havemos de
explicar ao nosso cérebro, à nossa bomba-relógio no peito e às nossas
esperanças e planos, que simplesmente não vai acontecer? Não há maneira de
fazermos compreender a nós próprios que o nosso destino é viver sozinhos numa
casa pouco assolhada, com vista para a cidade, uma estante cheia de livros, uma
prateleira no armário atoalhada de pacotes de chá e cinco gatos. Não é que isso
seja mau de todo… Até podemos ser felizes, não precisamos de alguém para tal.
Já
desde bem novos que imaginamos como será aquela pessoa com quem vamos para o
altar. Falando por mim, sempre quis vestir um enorme vestido branco, colocar
uma coroa de flores na cabeça e subir todas as escadas da igreja, pé ante pé,
imaginando que aquela pessoa que estaria a esperar-me lá no fundo seria aquela
que me fazia realmente, puramente e verdadeiramente feliz, tal qual uma criança
com a sua guloseima favorita. E o que melhor pode alimentar uma romântica
assumida que um desejo como este? Amar faz parte de mim. E mesmo que nunca
ache reciprocidade verdadeira, eu vou sempre amar. Não sei viver sem isso. De
qualquer das formas, mesmo uma pessoa como eu gostava de algum dia voltar a amar
como amou outrora alguém que desapareceu por completo da sua vida. Uma pessoa que
mudou e que provavelmente não voltarei a ver na vida. Só queria isso: voltar a
amar como te amei a ti. E, se for possível, que essa pessoa sinta o mesmo. Nada
melhor do que tornar todos os meus anseios, realidade.
está lindo...!
ResponderEliminarescreves com uma paixão. adorei
ResponderEliminaradoro a forma como escreves!
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